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A frequência de atualização do iOS da Apple subiu 51% sob a gestão de Cook

Escrito por Dr. Bernardo Lustosa | 14/03/2018

Esses problemas despertam questões sobre o controle de qualidade da Apple no geral, e uma olhada nos dados sugere que o problema existe há algum tempo. Desde que Steve Jobs deixou a liderança da Apple em janeiro de 2011, a frequência de atualizações do iOS subiu em 51%. O que isso significa para usuários da Apple? Muitas atualizações, correções e, muitas vezes, correções adicionais em cima destas. Por exemplo, usuários de iPhones precisaram lidar com 15 atualizações do iOS durante o ano terminando em 31 de janeiro de 2018. Em comparação, a Apple lançou apenas seis atualizações do iOS durante os seis meses anteriores à saída de Jobs da liderança da empresa.

 

Um aumento dramático na frequência de atualizações do iOS

O gráfico abaixo, compilado de diversas fontes para atualizações do iPod Touch, iPad, iPhone 4 CDMA, iPhone 3GS, iPhone 7 e iPhone 7 Plus, ilustra o aumento da frequência de atualizações do iOS durante a década de 2007 a 2017.

O gráfico mostra que durante o período em que a Apple foi liderada por Jobs, a frequência de atualizações numa janela de 365 dias era 6.75. Após sua saída, a média pulou para 10.22 por ano, um aumento de 51%. Se olharmos a mesma estatística antes e depois do falecimento de Jobs, o aumento em atualizações foi de 48% (não mostrado no gráfico). O gráfico também mostra que, após Jobs deixar a empresa em janeiro de 2011 e também após sua morte em outubro de 2011, ainda houve um período de atualizações menos frequentes da segunda metade de 2012 até o começo de 2013. Depois disso, o número de atualizações por ano ficou estável em cerca de 10 por ano até os últimos 365 dias do período estudado, durante o qual houveram surpreendentes 15 atualizações.

 

Por que atualizações do iOS estão tornando-se tão frequentes?

Existem muitas explicações possíveis para o aumento nas atualizações. Um fator em potencial é a complexidade crescente. Smartphones têm ganho mais funcionalidade, mais aplicativos e mais acessórios que envolvem mais complexidade na manutenção do sistema operacional. Atualizações de software estão tornando-se mais e mais complicadas, com mais características necessárias para mais aparelhos em mais línguas e mercados do que antes. Porém existe também uma corrente de más notícias envolvendo falhas, falta de atenção a detalhes, performance fraca e problemas de segurança.

Por exemplo, a Apple lançou a atualização do iOS 11 em setembro de 2017 para aumentar a segurança e adicionar novas características. Em novembro, a Apple precisou lançar uma atualização para arrumar uma falha que fazia a letra i minúscula autocorrigir-se para a letra A maiúscula. Usuários disseram que o iOS 11 também deixou seus telefones mais lentos (a não ser que fizessem backup dos dados e resetassem aos ajustes de fábrica), fez a bateria durar menos, deu respostas erradas a problemas matemáticos em sua calculadora, além de outros problemas. De fato, a última semana de novembro de 2017 viu pelo menos cinco grandes problemas com iOS e macOS, incluindo falhas na segurança seguidos de correções que adicionaram novos problemas em seu lugar. A mais recente falha de mensagens Telugu, que pode “travar e empedrar dispositivos iOS”, dispositivos macOS, Apple Watch e TVs, fez com que a Apple rapidamente lançasse uma correção para o problema que virou manchete internacional.

 

A qualidade da Apple está decaindo?

O nível de atenção a detalhes e perfeccionismo no estilo de liderança de Jobs era conhecido. Considerado um gênio de produção, Jobs liderou a empresa de forma única e difícil de replicar. Com um aumento tão marcante em atualizações e correções desde sua saída, faz sentido perguntar se a qualidade dos produtos Apple está em um declínio a longo prazo sem aquela força incansável que buscava perfeição à sua frente. Mas, enquanto o número de atualizações conta uma história, outras medidas contam outra.

Apesar da ampla cobertura das recentes falhas da Apple, incluindo algumas manchetes devastadoras na imprensa de tecnologia, investidores parecem inabalados. Desde a morte de Jobs, o valor das ações da Apple aumentou cerca de 240%. Consumidores também parecem inabalados. No começo de fevereiro, a Apple anunciou recorde de lucro para o primeiro quarto do ano fiscal de 2018, devido à venda lucrativa do iPhone X. Para consumidores e investidores, o lustre da marca Apple pode valer mais do que qualquer preocupação com problemas de software. Se a empresa continuar a ter problemas com atualizações e correções, esse lustre pode apagar-se. Só o tempo dirá.