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O que a ClearSale colocou em prática 10 anos antes do livro “Reinventing organizations” de Frederic Laloux

Escrito por Convidado | 27/06/2018 05:00:00

Num mundo cada vez mais volátil, incerto e complexo, onde o propósito assume um papel crítico para o sucesso de qualquer organização, precisamos também repensar nossos métodos de gestão.

Um dos livros mais badalados da década propõe uma ruptura com as escolas tradicionais de gestão e nos indica os caminhos e inspiração para construir uma organização pronta para o novo estado de consciência humana.

 

Sobre o livro “Reinventando organizações”

“Em Reinventando as organizações – Um guia para criar organizações inspiradas no próximo estágio da consciência humana, Frederic Laloux nos mostra que, ao longo da história, toda vez que a humanidade muda para um novo estágio de consciência, uma maneira jamais vista para estruturar e gerenciar as organizações também é desenvolvida, com avanços extraordinários em colaboração. Uma nova mudança na consciência está em curso. Poderia ela contribuir para reinventarmos a forma como administrarmos nossos negócios?”

Entre uma contextualização histórica precisa e elucidativa, sobre como as organizações evoluem, e a construção de um mapa completo para guiar sua jornada, Frederic Laloux analisa algumas empresas distintas e não conectadas que estavam operando num novo paradigma de gestão, um conjunto de práticas bastante semelhantes. Como estas evoluções estão interconectadas é importante perceber que o foco proposto por Laloux, centrado em valores, práticas e estruturas organizacionais, é fruto de um movimento bastante amplo.

Por isso, se olharmos com atenção, encontramos “manifestações” de algumas práticas propostas por ele em diversos contextos e épocas. Assim como a ClearSale que utilizou muito bem um dos drivers defendidos por Laloux, a Vtex também está nesta jornada de experimentação de formas mais eficientes para produzir resultados melhores, há mais de 10 anos. No caso da Vtex, a identificação com o livro foi tanta que eles decidiram apoiar o projeto de tradução da obra para o português. Vale a menção que foi a primeira empresa da economia digital do Brasil a perceber o potencial do conhecimento e apoiá-lo.

Uma curiosidade interessante sobre a edição brasileira do livro "Reinventando as organizações": ele foi produzido de forma inovadora e totalmente colaborativa, envolvendo uma grande rede de parceiros e colaboradores conduzidos pelo time da "Cuidadoria". De forma autogerida, como propõe o livro.

 

E qual a surpresa ao conhecer a obra de Frederic Laloux?

O fato que me chamou atenção ao conhecer melhor a obra foi que um dos pontos do tripé proposto por Frederic Laloux, utilizado intensamente na construção da cultura da ClearSale desde 2008.

O foco nas pessoas, de uma maneira específica, que pressupõe a autenticidade/verdade (parece óbvio, mas não é), a conexão entre as pessoas e o alinhamento dos propósitos pessoais e corporativos, foram algumas das principais ferramentas utilizadas pela ClearSale desde 2008 para construir uma cultura forte e viabilizar o crescimento exponencial que experimentamos.

Digo experimentamos porque participei ativamente deste processo entre 2008 e 2013. Saímos de 25 pessoas e menos de R$ 1MM de faturamento anual para mais de 500 pessoas e R$ 46 MM de faturamento anual em 4 anos. Os desafios de crescer tão rápido foram endereçados graças à um conjunto de posturas e práticas que tornaram a ClearSale participante da lista do GPTW por 8 anos consecutivos, desde aquela época até os dias atuais.

A surpresa foi que um dos três pilares desse novo paradigma da gestão, foi o centro do jeito de fazer ClearSale, e, só ele, já foi suficiente para produzir resultados bastante animadores.

Com uma abordagem legitimamente centrada no acolhimento das pessoas de maneira integral (assim como propõe Laloux) a ClearSale construiu, junto com o belo trabalho da Cecilia Warschauer, uma metodologia própria para desenvolvimento das pessoas.

É interessante também perceber que isso não é uma coincidência, é um reflexo do novo modo de pensar da nossa era. Independente da questão temporal, o case da ClerSale é mais uma manifestação de sucesso desse “novo jeito” de fazer negócios. Com pensamentos, ações realmente com foco no ser humano e em produção de resultados com o triplo bottom line: financeiro, ambiental, social (e mais recentemente cultural).

 

E quais os pontos chave para esse novo paradigma na gestão?

Os pontos do tripé proposto por Laloux no livro certamente podem ajudar na sua reflexão e funcionar como drivers importantes das organizações que estão conseguindo responder bem à nova realidade.

 

Considere as pessoas de maneira completa – acolha o profissional e a pessoa.

Neste novo mundo, onde a autenticidade é cada vez mais importante, não basta fazer uma boa comunicação. É preciso SER o que se comunica.

O primeiro desafio para a organização “SER” alguma coisa é ter claro seu propósito e acolher todos os aspectos do ser humano em sua estrutura organizacional: a razão, intuição, emoção e questões espirituais (que aqui representam o algo maior porque fazermos algo).

A ClearSale, por exemplo, faz isso há diversos anos usando o conceito de “traga sua personalidade para o trabalho”. Uma frase que resume isso é: Toda profissional é uma pessoa e uma parte importante da pessoa é o profissional.”. Com essa postura ela consegue acolher as pessoas e criar um espaço de respeito, confiança e liberdade.

Para colocar isso em prática, muitas vezes, é preciso somente uma mudança de “approach” com foco em acolher e respeitar o outro de maneira integral. Além de se dispor a ouvir de maneira mais aberta.

 

O tradicional “prever e controlar” precisa dar espaço para “sentir e responder”

Uma das funções que aprendemos nas escolas de administração e negócios pode ser a raiz de muitos problemas. Prever e controlar é cada vez mais difícil e até utópico em diversos cenários atuais.

Passamos muito tempo nas empresas tentando prever e controlar: resultados, processos, mercados e até pessoas. Ocorre que com a complexidade dos dias atuais é cada vez mais inútil tentar prever alguns movimentos do mercado. Claro que o nível da ruptura é muito diferente se você é uma startup ou uma empresa petrolífera, mas repare bem o que no seu dia-a-dia corporativo as tarefas que servem apenas para tentar validar cenários futuros que foram traçados internamente como orçamentos e metas.

O caminho para o “sentir e responder” necessariamente passa por um alinhamento de propósito e objetivos com o time e no aumento da sensibilidade de ouvir os sinais que o mercado oferece.

 

Repensar ou extinguir a relação chefe-subordinado?

Exercer a autoridade de forma unilateral já não produz resultados há algum tempo. Quando começamos a trabalhar com o propósito primeiro, a tendencia é que o engajamento e comprometimento aumente.

Com os movimentos de colaboração e co-construção é cada vez mais comum a formação de times multidisciplinares e estruturas mais horizontalizadas. Identifique o porque as pessoas fazem as coisas e estimule-as pelos seus motivos. Só isso já ajuda a aumentar a conexão do time.

 

Como começar a fazer isso ?

O ponto de partida é apurar sua capacidade de fazer diagnósticos no cenário V.I.C.A (volátil, incerto, complexo e ambíguo). Para isso sugerimos observar a relação entre algumas pirâmides já estabelecidas. Leia o artigo completo para mais informações como fazer, solicite através do email vanessa@rodadofundador.com.br.

A melhor maneira de fazer o processo de repensar seu negócio é através de uma jornada de experimentação estruturada. Num primeiro momento você apura sua sensibilidade para enxergar melhor as coisas e questionar paradigmas, na sequencia, entende quais as forças motrizes que impactam seu negócio e, por fim, começa a experimentar novas formas de fazer seu negócio performar melhor.

Se você quiser conversar sobre fique a vontade para entrar em contato comigo em renato@rodadofundador.com.br ou (11) 99310-5924

 

Referências:

Este post foi inspirado pelo livro de Frederic Laloux – Reinventing organizations. Ele define no livro os princípios das “organizações evolutivas”, onde, através de uma ruptura completa com os modelos estabelecidos, cases de sucesso conseguiram estabelecer essa nova forma de gestão. Para fazer a edição em português acontecer foram usados os princípios do livro e o modelo se mostrou muito vencedor. Saiba mais em: http://bit.ly/reinventandoorganizacoes

Caso queira mais informações sobre nossos workshops de desenvolvimento de cultura e gestão veja mais em: http://bit.ly/estrategiaciclos

O trabalho de John Elkington também tem uma forte relação com o de Laloux, veja o diagrama abaixo: 🙂

*Artigo originalmente escrito por Renato Gonzaga e publicado em https://www.rodadofundador.com.br/clearsale-e-pessoas/