A relação do consumidor com o dinheiro é singular, variando de pessoa para pessoa e de uma cultura para outra. Se você tem a intenção de empreender e inovar em um país, não é suficiente somente a introdução no mercado de algo já existente no exterior, neste processo é necessário observar às leis e normatizações específicas, além do entendimento da política socioeconômica local.
Inicio o tema com a seguinte pergunta: qual sua percepção atual do modelo de negócio dos bancos? Certamente, a maior parte das pessoas citará os inconvenientes de longas ligações telefônicas para resoluções de problemas, inúmeras tentativas de oferta de seguros e investimentos, para que o cumprimento de metas seja alcançado, deslocamentos desnecessários, longas filas, entre outros pontos.
Atualmente, no mercado brasileiro, mais da metade da população é usuária da internet, passamos também da marca de 100 milhões de smartphones ativos, o que pode dar uma proporção de velocidade para o crescimento das interações via canal digital. Nos bancos, dados da Febraban de 2017, mostram que o número de operações financeiras pelos canais tradicionais reduziram de forma brusca e representam apenas 40% do volume total, em contrapartida, as operações realizadas por canais eletrônicos remotos (Internet Banking e Mobile Banking) já representam cerca de 60% no mesmo período.
Diante do cenário acima, o apelo das Fintechs (nova aposta do mercado concebida, com foco inicial, para a digitalização de empresas financeiras) é simplificar a resolução destes problemas, entregando com agilidade e transparência, serviços como aprovação de um empréstimo, realização de investimento, abertura de uma conta ou cotação de um seguro.
Visualizando esta mudança de comportamento dos clientes, provocada principalmente pelas novas tendências digitais, pela popularização dos smartphones e digitalização da indústria de serviços, os bancos tradicionais acompanham com atenção o desenvolvimento destas Startups, que, com base nas inovações tecnológicas, são capazes de trazer ganhos ao cliente mantendo a confiabilidade dos serviços, auxiliando na expansão e aumentando a qualidade do serviço bancário.
Dados do Banco Central em 2017, apontam que o Brasil tem uma taxa de “bancarização” (parcela da sociedade que utiliza processos bancários) próxima a 85% e os principais fatores para isto são a falta de informação e capacidade creditícia das pessoas, além da não adequação de produtos dos bancos para esse perfil da população. Porém, as Fintechs estão analisando estas pessoas como mercados potenciais.
O avanço tecnológico possibilita redução de estruturas e, consequentemente, dos custos envolvidos, permitindo que um número maior de pessoas acesse os serviços bancários, dado que em um período de aproximadamente três anos, o Smatphone será o meio principal de comunicação do cliente com o banco.
Voltando nossa análise aos pontos fracos deste nicho, as Fintechs enfrentam problemas como, a captação de dinheiro, elemento de suma importância para o sistema financeiro e de difícil superação para empresas de pequeno porte. Além disso, estas empresas precisam, legalmente, vincular-se a uma instituição financeira para prestarem seus serviços.
Devido a estrutura enxuta, grande parte destas empresas não contam com áreas importantes para o cumprimento dos contratos com os clientes, como assessoria jurídica, ouvidoria e atendimento ao consumidor. Em raríssimas exceções, elas também estão preparadas para atender questões como a segurança da informação, que em breve, serão exigidas pelos órgãos reguladores.
De fato, a tendência do banco que conhecemos desaparecer, em um curto prazo de tempo, é muito forte. As instituições financeiras precisam entender que estão presentes na vida das pessoas e, caso falhem nesta interpretação, o resultado será o fracasso.
Os bancos entenderam a necessidade da transformação digital para a conquista dos consumidores. A realização desta transição não é vista como uma opção, e sim como questão de sobrevivência. Somente introduzir novas tecnologias não será suficiente, a mudança deve ser no âmbito cultural dentro dos bancos.
Na era digital, a área de tecnologia de informação tem importância substancial na transformação bancária e no caminho para inovação. Porém, outros elementos se fazem igualmente vitais como, pessoas e processos, o conhecimento e principalmente o entendimento do cliente, que são tão relevantes quanto tecnologia neste processo de transição. Esta mudança para o universo digital é interminável, especialmente no que se refere a um mundo em constante transformação e essencialmente composto por plataformas digitais.
Quando analisamos a transição digital sob o ponto de vista fraude, o segmento de serviços financeiros é um dos mais visados, pois representa alta liquidez para os fraudadores na emissão de um cartão online, por exemplo. Sendo este um cenário analisado com uma taxa de fraude 3 vezes maior que no e-commerce.
Mas, quem é o maior prejudicado com a fraude: os consumidores ou as empresas? A resposta seria: ambos. O mercado em geral sofre com este evento, porém em comparação com outros segmentos, o custo de fraude online é pior para bancos, varejistas e os operadores online.
E neste cenário, existem tecnologias que atendem ao desafio do combate à fraude no sistema bancário?
Em um cenário digital, a prevenção a fraude tende a evoluir na mesma velocidade que o fraudador cria novas formas de ataque, nenhuma tecnologia isolada pode prevenir a fraude como um todo, porém a combinação de tecnologias pode ser uma arma poderosa. Segundo o site (https://goo.gl/kMRbKN) listo algumas das tecnologias atuais de prevenção, seguidas de vulnerabilidades mapeadas que estão sendo frequentemente utilizadas por fraudadores
Imagem Captcha:Um software OCR consegue ler a informação solicitada e a reproduz;
Cartão OTP: Um malware coleta todas as senhas ou pode solicitar que o próprio usuário as informe.;
Teclado Virtual: Screenloggers ou mouseloggers permitem a captura das informações;
Frase Senha: Screenloggers, mouseloggers ou keyloggers permitem a captura das informações;
Informação Positiva: Faz-se uso das informações disponibilizadas pelo usuário nas redes sociais, serviços de buscas na internet e por engenharia social.;
SMS: O fraudador altera os dados de cadastro do usuário e informa outro número de celular;
Biometria: Devido ser uma técnica estatística de correlação de padrão, sempre está sujeita a “falso” positivo e negativo, levando os bancos a implementarem um desvio programado que permite a transação sem a confirmação biométrica.
O mapeamento do risco com rapidez, junto ao aprimoramento da experiência do usuário, tem destaque na prevenção a fraude nos seguintes aspectos:
1 - Um perfil geral de comportamento do consumidor demanda que tenhamos acesso a uma conjuntura de dados relacionados, como informações sobre a identidade, comportamento de compra online, histórico de transações, entre outras. Mapear esse comportamento para identificação deste consumidor poderá colaborar na validação, estabelecendo uma relação de confiança entre a empresa e quem está realizando a aquisição.
2 - As soluções de prevenção a fraude devem buscar o equilíbrio entre os percentuais de aprovação e reprovação de acordo com as taxas reais de exposição ao risco. Dessa maneira, as aplicações devem ser desenhadas com o intuito de alcançar maior precisão no nível de assertividade para cada transação, respeitando as estratégias comerciais.
3 - Atualmente, os fraudadores possuem acesso a uma grande quantidade de dados de identidade de consumidores, dessa maneira, podem criar perfis completos. Neste cenário, possuir uma visão abrangente em uma base de dados que compreenda múltiplos segmentos, colabora para a visualização e prevenção a fraude no mercado.
O cliente é o ponto central das relações comerciais atuais, ele é o protagonista desse universo e, tomando como base suas experiências pessoais, criam novas expectativas sobre os serviços ofertados.
Inovar não significa apenas idealizar uma nova tecnologia, consiste em produzir algo que comprove ser relevante e útil. O mercado, em constante transformação, pede que as empresas se reinventem e acompanhem com protagonismo as novas tendências.
Diante do cenário, atender aos desejos de clientes cada vez mais exigentes, ganha foco na experiência do usuário. Quem conseguir interpretar melhor a necessidade do cliente e traduzir isso em uma boa experiência estará no caminho certo para o sucesso.
*Artigo escrito pelo nosso Executivo Comercial, Rafael Luco.