O terceiro e último dia de South Summit 2022 começou a todo vapor. Logo pela manhã, mais um debate bastante relevante, com visões de empresas como Visa, Itáu, e VertCapital, sobre um dos temas que mais esteve em voga durante todo o evento: o Real Digital.
Confira os destaques do primeiro e segundo dia
Dessa vez, o ponto principal da discussão ficou em torno do papel do Banco Central neste processo, já que é fundamental o apoio do órgão às instituições que participam do desenvolvimento desta, que deve ser a moeda digital brasileira. Somente assim, segundo especialistas que subiram ao palco do evento, será possível criar um protótipo que chegue, efetivamente, ao consumidor final.
A proposta do Real Digital é alterar o mercado de crédito, assim como a internet transformou o mercado de conteúdo. A ideia é que o Real Digital traga rastreabilidade de ponta a ponta, evitando o que hoje é uma das grandes questões do mercado financeiro brasileiro: a prevenção à lavagem de dinheiro. Além disso, a moeda digital é capaz de garantir a inclusão de um público não bancarizado no ambiente de transações digitais.
Segundo executivos, agora, mais do que nunca, é o momento de colaboração entre os poderes público e privado para fomentar a inovação e permitir o sucesso do Real Digital.
Vale ressaltar que a ClearSale participa ativamente da construção do Real Digital. Em parceria com o Mercado Bitcoin, Bitrust e CPQD, a companhia será responsável por integrar múltiplos componentes de validação do processo de onboarding. A ClearSale irá operar no fluxo da carteira digital (wallet) que garantirá as transações de compra de ativos através do Real Digital.
O South Summit também reservou espaço para falar sobre inovação no mercado de seguros. Representantes da IRB, Icatu Seguros e InsureTech subiram ao palco para debater o tema e trazer insights importantes ao público.
Na visão dos especialistas, o mercado de seguros brasileiros ainda não atingiu sua total capacidade, apesar do boom ocorrido em 2016, período em que muito se falava sobre uma transformação neste mercado, que, na realidade, nunca aconteceu.
Agora, estamos em um momento único para o mercado no Brasil, já que temos um regulador que está apostando e acreditando nas startups, causando um movimento em todo o segmento.
De acordo com os especialistas do evento, o mercado de seguros não se comunica com produto, mas sim com propósito. O produto é a consequência, tendo um alinhamento muito grande com as práticas mais atuais de ESG, ainda mais em um momento de crescente importância do tema.
Afinal de contas, a pandemia acordou um pensamento da mortalidade, e isso também acelerou muito o mercado de seguros. Segundo executivo da Icatu Seguros, em dois anos, eles cresceram o que antes da pandemia exigiria 10 anos.
Mas, para os especialistas, a grande virada do mercado de seguros é entender exatamente qual dor ele está buscando solucionar, e como isso pode ajudar a sociedade, de uma forma geral. "A inovação não vem do produto, mas de atender uma necessidade real da sociedade", afirma o executivo da Icatu Seguros.
Mais uma coisa que se viu no South Summit 2022 é que a moda está de olho no metaverso! A Renner trouxe as principais novidades no universo do que já é chamado de Moda 4.0. A marca está trabalhando com avatares escaneados de corpos reais, a digitalização de tecido e matérias primas digitais, além de também já contar com desfiles virtuais.
A construção de coleções vai além da intuição, já que agora também serão baseadas em dados, para a criação de peças assertivas para o público da marca. Além disso, a tecnologia também consegue ver o caimento do tecido na pessoa, sem necessidade da prova física
Como nem poderia deixar de ser, a moda também está muito preocupada com o ESG, se tornando cada vez mais sustentável, com menos desperdício e sempre atrativa para os consumidores.
Quando a pandemia chegou, o setor de transportes foi um dos mais afetados, e precisou se reinventar rapidamente, seja automatizando e digitalizando processos, ou mesmo entendendo todas as especificidades de um momento em que as pessoas não podiam se deslocar fisicamente.
Como trazer o passageiro de volta em um momento que ele está trabalhando de casa e com medo? Naturalmente, temos medo do desconhecido, principalmente as empresas mais tradicionais, e a pandemia veio quase que como uma ordem para aplicar mudanças e mergulhar na transformação digital, sob a pena da falência para quem não o fizesse.
Com isso, empresas de transporte passaram a criar uma cultura na tomada de decisão baseada em dados, além de aplicar conceitos de inovação que passam muito pela aceitação do erro e do hábito em, quando necessário, fazer de novo e melhor.
Foram diversos os exemplos apresentados no South Summit, desde o uso da tecnologia para treinamentos em plataformas de ensinos à distância na preparação de motoristas e mecânicos, até ônibus de vacinação contra a Covid e produção de respiradores, passando por embarques de ônibus via QR Code e produção de ônibus 100% elétricos – fabricados com tecnologia alemã, mas dentro do Brasil, para gerar empregos.
Se o South Summit trouxe questões de ESG o tempo todo nos conteúdos, seria impossível não falar sobre diversidade, e Nina Silva, CEO do Movimento Black Money, trouxe um tom questionador fundamental para todo o mundo.
Para mostrar o quanto o racismo é estrutural e está presente em toda a sociedade, Nina trouxe alguns pontos importantes, como quando ressaltou que era uma das 5 mulheres negras que subiu ao palco (número baixo em relação ao total de palestrantes e painelistas), ou como quando questionou se tinha alguém transexual na sala, e ninguém levantou a mão. É possível que, em um evento de inovação, não tenha ninguém transexual no maior palco?
Nina trouxe provocações que mostram o quanto ainda temos problemas do ponto de vista da diversidade, e o quanto isso é uma verdadeira “burrice econômica”, já que estudos recentes mostram o quanto a diversidade é capaz de ampliar a lucratividade e trazer mais efetividade à inovação.
Ela aponta, no entanto, que ainda assim muitas profissões ainda têm gênero e cor. “Existem mais John’s e David’s como CEO’s do que todas as mulheres CEO’s do mundo”, diz ela. Para finalizar, a executiva ressalta que é preciso, sim, olhar para o futuro, mas desde que isso não signifique deixar alguém para trás.