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NRF 2020: cibersegurança está na pauta do maior evento de varejo
Resumo do post:
- Cibersegurança ganha destaque na NRF 2020
- Colaboração para combater fraudes em conjunto
- Fraudadores também criam redes de conexão
- Como criar uma rede de proteção e quais as vantagens
Quando se fala em varejo, a competição entre concorrentes, que disputam todos os dias a atenção e a fidelidade de clientes, é o tema que costuma vir primeiro à mente das pessoas. Por isso, o que se vê no maior evento mundial de tendências do varejo é um grande volume de dicas sobre como ser mais competitivo e voraz com a concorrência, certo? Não exatamente.
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No segundo dia de apresentações da NRF 2020, varejistas ficaram surpresos quando a apresentação dos executivos Rich Agostino, VP sênior de Segurança da Informação da Target Corporation, Dave Estlick, head de Segurança da Informação da Chipotle, e Adam Mishler, VP global de Segurança da Informação da Best Buy, mostrou o quão latente é a necessidade de existir mais colaboração no combate a fraudes dentro do setor em todo o mundo.
Combater fraudes em conjunto
Seguindo uma tendência apontada no MRC 2019, o maior evento do mundo voltado à gestão de risco e combate a fraudes, os executivos mostraram que evitar fraudes não pode mais ser tratado como um diferencial competitivo, mas sim como uma ação alimentada por colaboração e compartilhamento de informações.
De acordo com eles, é plenamente possível que varejistas, ainda que concorrentes, compartilhem dados e colaborem entre si para criar um efeito de rede capaz de protegê-los contra a ação de fraudadores e cibercriminosos. Ainda segundo eles, a troca de informações e experiências é um passo do qual não se pode abrir mão para evitar prejuízos com fraudes.
“Uma forma de investir em colaboração e combater fraudes em conjunto é contratar um parceiro especializado. Enquanto o varejista fornecerá inputs das especificidades de seu negócio, o fornecedor auxilia o varejista em uma área que não é, necessariamente, a especialidade dele. Isso permite que o varejista foque nas competências necessárias para seu negócio prosperar e não precise se preocupar com fraudes”, ressalta Omar Jarouche, diretor de Marketing e Soluções da ClearSale.
Fraudadores criam redes que os beneficiam
Obviamente, os próprios fraudadores se conectam, interagem, trocam informações e etc. Isso faz com que uma brecha de segurança em uma loja seja rapidamente conhecida por outros criminosos – ou outras quadrilhas.
Diante deste cenário, não há lógica comercial que justifique a ação isolada e solitária contra os mesmos. A batalha contra a fraude exige um mindset que vai muito além das diretrizes ortodoxas estabelecidas em um momento já ultrapassado do mercado, no qual a concorrência era vista como inimiga.
Como disse recentemente Rafael Lourenço, vice-presidente de Expansão Global da ClearSale, “o que estamos vendo agora são fraudadores organizados para aproveitar a tecnologia e as estratégias tradicionais de negócios para cometer crimes no mundo digital”.
Ainda segundo ele: "Cabe a todos os profissionais do e-commerce acompanhar as tendências de fraude, seguir as melhores práticas atuais de detecção e prevenção e compartilhar informações para combater as práticas de rede que os fraudadores aprenderam".
Rede de proteção do varejo
O conceito de rede de proteção, neste caso, está ligado à a maximização dos benefícios gerados a partir de um varejista para todo o ecossistema de prevenção a fraudes. Basicamente, é assim: se uma determinada loja detecta uma tentativa de fraude, todos os dados desta transação são informados em tempo real para outros varejistas, evitando que o mesmo criminoso – ou a mesma quadrilha – consiga fazer mais vítimas. Ou seja, a detecção em uma loja protege toda a rede, gerando um ganho de escala muito significativo.
“Ao longo dos anos, o varejo passou a perceber que fazer parte de uma rede de proteção é a melhor forma de manter a fraude distante. E os varejistas que não fazem parte disso já começaram a entender que a voracidade dos fraudadores levará o prejuízo até a loja que não está inserida nesta rede”, diz Pedro Chiamulera, fundador e CEO da ClearSale.
Vantagens da colaboração
Como benefício imediato desta rede de proteção, é possível citar o aumento da aprovação automática nas transações de um e-commerce, por exemplo, já que a análise detalhada que detectou a fraude em uma loja não precisaria, idealmente, ser repetida todas as vezes que o mesmo fraudador tentasse entrar em ação novamente.
“Isso faz com que as taxas de aprovação de pedidos se mantenham extremamente altas até mesmo em segmentos considerados de maior risco”, completa Chiamulera.
E o mesmo conceito também vale para positivação, pois um bom cliente terá uma experiência de compra agradável, rápida e segura em muitos lugares diferentes, provavelmente com aprovação automática em todas eles, pois já será notório que não se trata de um fraudador. Em tempos nos quais a experiência de usuário é tão importante, este processo se torna absolutamente valioso para o varejo.
Já que os fraudadores buscam, cada vez mais, efetuar ataques em mais de um lugar ao mesmo tempo, contar com esta rede de colaboração e proteção é fundamental.
O caminho da colaboração
Para começar a mudar o mindset de competitividade que prejudica o combate a fraudes, os executivos sugeriram ao público que os assistia alguns questionamentos importantes, como o que eles acreditam ser o maior obstáculo para o compartilhamento de informações ou como eles acreditam que já colaboram com o ecossistema que envolve o combate a fraudes.
A partir disso, deram algumas dicas sobre como uma empresa pode começar a colaborar com outras do mesmo ramo de atuação. A principal delas foi investir em parceiros especializados e em um time qualificado, com profissionais de cibersegurança capacitados e atualizados. No entanto, segundo eles, é justamente neste ponto que ainda há uma barreira importante.
Faltam talentos de cibersegurança nos EUA
A crescente escassez de pessoas altamente qualificadas para trabalhar com cibersegurança tem preocupado até mesmo gigantes do setor varejista norte-americano. Durante a apresentação, os executivos mostraram até mesmo algumas publicações de imprensa que evidenciam o quanto o problema é latente no mercado, sendo tratado, inclusive, como motivo de crise na indústria e grave ameaça à segurança nacional.
Segundo os executivos, alguns fatores são responsáveis por essa escassez, e alguns deles são mitos de mercado que, apesar de parecerem tolos, realmente afastam as pessoas das formações nessa área de atuação, como a ideia de ficar atrás de um computador esperando algum alarme soar para ter com o que atuar, por exemplo.
Como propostas para tentar contornar o problema enquanto o cenário permanece longe do ideal, os especialistas recomendaram a reflexão sobre como engajar mais pessoas a ingressarem nessa área e como fazer com que talentos de outros departamentos passem a ter mais interesse em se aproximar da cibersegurança e oferecer colaboração.
“Eu mesmo não venho dessa área de formação. Toda a minha carreira na área de cibersegurança é baseada em interesse que demonstrei vendo as coisas acontecerem e na experiência que desenvolvi quando comecei a trabalhar no ramo”, ressalta Adam Mishler.
Mais sobre a NRF
O maior evento do varejo também é um dos mais antigos do setor, sendo realizado desde 1911 pela National Retail Federation (NRF), que é a maior associação comercial do mundo, representando mais de uma centena de instituições americanas e internacionais, além de lojas de departamento, redes de restaurantes, supermercados e varejistas independentes.
Com mais de 100 anos de realização, pode-se dizer que a NRF é o palco das grandes transformações do varejo. Desde sua primeira edição, tendências e tecnologias foram apresentadas e discutidas a fundo, acompanhando os altos e baixos do setor ao longo das décadas.
Segundo a própria organização do evento, a NRF é a visão e os ouvidos do setor de varejo, sendo a única organização a levar uma visão crítica a líderes, empresas e fabricantes há mais de 100 anos.
Foto da capa por: Maria Lígia de Lima
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