12/05/2021 • 5 min. de leitura

MRC 2021: como está o mercado antifraude após 1 ano de pandemia

Confira um resumo da edição online do maior evento anual de gestão de risco e combate a fraudes em todo o mundo

Aconteceu no fim mês passado, ainda em modo virtual, a edição 2021 do MRC 2020, o maior evento do mundo voltado à gestão de risco, prevenção e combate a fraudes. Desta vez, os três dias de conteúdo focaram no cenário do setor após mais de um ano de pandemia e restrição de circulação das pessoas em espaços físicos.

O que há de diferente agora? Os fraudadores seguem explorando o crescimento das transações digitais? Como se manter à frente nessa verdadeira corrida contra os crimes cibernéticos? Essas e outras questões foram bastante trabalhadas pelos especialistas que se apresentaram no evento, incluindo dicas e insights importantes para quem tem algum tipo de relação com prevenção e combate a fraudes.

Considerando a relevância do momento e a importância em colaborar para tornar o mercado mais seguro e confiável, a ClearSale acompanhou o evento e traz agora um resumo dos principais tópicos que foram abordados. Confira!

Mudanças também para fraudadores

Tema recorrente desta edição, as mudanças nítidas no mercado digital durante a pandemia da Covid-19 tiveram uma abordagem um pouco diferente do que se via até então em eventos do varejo, de tecnologia, etc.

Segundo os especialistas que se apresentaram no MRC 2021, é preciso trabalhar nessas mudanças também do ponto de vista dos fraudadores, pois estes também precisam lidar com as novas especificidades do mercado, com as mudanças de comportamento de consumo, com o uso maciço de tecnologia, etc.

Da mesma forma que as empresas antifraude realizaram investimentos robustos para a prevenção e combate a fraudes em 2020, principalmente pela aceleração exponencial do crescimento do e-commerce, os fraudadores também investiram em uso de bots e novas tecnologias para conseguir driblar as ferramentas antifraude.

Acessa à página interativa do  MRC

Lavagem de bitcoins

Durante a pandemia do novo coronavírus, os fraudadores investiram muitos esforços em um novo nível de lavagem de dinheiro: a lavagem de bitcoin. Para os palestrantes do evento, a dificuldade em se rastrear esse tipo de crime, que acontece 100% em ambientes digitais, é o que realmente atrai os criminosos.

Segundo eles, tem sido cada vez mais comum a ocorrência de crimes cibernéticos envolvendo bitcoins, incluindo a cobrança em bitcoins pelo resgate de dados roubados, embora a burocracia para transformá-las em dinheiro real ainda seja um atrito com o qual o fraudador não tem interesse em lidar.

De qualquer forma, como toda modalidade que envolve monetização, é preciso ter cuidado com o crescimento, uma vez que ele também vai, invariavelmente, chamar a atenção deste tipo de criminosos de ambientes virtuais.

Gift Cards cada vez mais explorados

Absolutamente consolidados nos EUA, e ainda em crescimento no Brasil, os gift cards (vales-presentes) passaram a ser um grande ponto de atenção do ponto de vista do combate a fraudes.

Esta modalidade, que já vinha numa crescente, se tornou ainda mais popular durante a pandemia, principalmente nos EUA. As pessoas os usam para apoiar negócios de amigos, mostrar aos entes queridos que pensam neles e até mesmo para enviar doações de caridade para os necessitados.

Os gift cards foram o presente mais popular dos EUA desde o começo da pandemia. Para se ter uma ideia, compradores online gastaram 17,6% a mais com gift cards em 2020, na comparação com 2019. A média do número de transações envolvendo gift cards por comprador teve alta de 12,3%, na mesma comparação (2020 x 2019). Foi o modelo de presente mais utilizado nos EUA em 2020 (crescimento de 48%).

Ao mesmo tempo, essa popularidade representa um desafio no combate à fraude, em um setor que sempre foi atraente para os fraudadores. Infelizmente, como em tudo o que ganha destaque no mercado, os fraudadores viram uma boa oportunidade para os seus crimes, já que os gift cards são fáceis de transferir (feitos para presentear) oferecem liquidez, fácil monetização, difíceis de rastrear, entrega instantânea (pressão na análise antifraude) e, por serem cada vez mais populares, facilitam a atuação anônima do fraudador, como se ele conseguisse se esconder na multidão.

O Número de ataques de fraude envolvendo gift cards online em 2020 foi 820% maior do que em 2019. Uma em cada 4 vítimas de fraude em 2020 nos EUA diz caído em golpes relacionados a gift cards. Foram quase US$ 80 milhões em perdas com golpes relacionados a gift cards somente no terceiro trimestre de 2020.

No entanto, os palestrantes dizem que é uma modalidade extremamente lucrativa para o comércio online, que não deve ter medo de utilizá-la, mas, sim, cercar-se de cuidados para que possa aproveitá-la na totalidade.

Para combater o problema, os palestrantes falaram que é importante pensar em fazê-lo sem que isso prejudique a experiência do cliente. Ou seja, sem muita fricção, ainda que em alguns casos extremos essa possa ser minimamente necessária para conter grandes ataques.

Os especialistas falaram, também, sobre a importância de se fazer colaboração e troca de informações com empresas que atuam no mesmo ramo, pois assim há também a criação de um efeito de rede que pode evitar o sucesso de grandes ataques.

Bots: fraudadores usam automação para lucrar

A pandemia fez explodir os ataques de phishing em todo o mundo, em um aumento de 718% somente na Europa. As pessoas ficaram digitalmente mais vulneráveis, precisaram, do dia para a noite, passar a fazer coisas pela internet que não estavam acostumadas a fazer, e isso traz inexperiência, que é um prato cheio para fraudadores.

No evento, foi apresentado um crescimento de 146% das chamadas “máquinas de fraude”, que são ferramentas (bots) totalmente programadas para realizar golpes. Os bots, segundo especialistas, são os canivetes suíços da fraude: criam contas fake, violam credenciais, testam cartões e realizam um verdadeiro fuzilamento de fraude. É o ganho de escala do fraudador

Com novas tecnologias cada vez mais estáveis, não há mais dúvidas sobre a estabilidade delas, então todos passam rapidamente a usá-la, ainda mais na pandemia de Covid-19, momento no qual fica praticamente impossível escolher não utilizar tecnologia no dia a dia. Quanto mais gente usando, mais fraude. Quanto mais pedidos no e-commerce, por exemplo, mais fraude.

A pandemia criou as condições ideias para o sucesso de bots fraudadores: crescimento dramático das vendas online, uma geração totalmente nova de compradores online e compradores entusiasmados com a retirada em drive thru criaram a tempestade perfeita para o sucesso dos robôs programados para fraudar.

Varejistas precisam estar prontos para aplicar mudanças rápidas e para entender quais mudanças realizadas durante a pandemia vão querer manter ou expandir. Como parar os bots fraudadores é quase uma perspectiva gamer de como passar de cada cenário, como analisar cada situação e criar soluções (escaláveis, no caso do combate aos bots).

De acordo com os palestrantes, é preciso utilizar muito machine learning e inteligência artificial para identificar rapidamente padrões que seriam impossíveis aos olhos de seres humanos, como, por exemplo, a criação de inúmeras contas em poucos segundos.

Outra dica fundamental: não ficar em dúvida entre usar tecnologia ou inteligência humana. O equilíbrio entre os dois é primordial, apenas um deles não serve. A tecnologia permite escalar e acelerar a análise, mas o toque humano especializado não é dispensável neste trabalho.

É um erro achar que a máquina já pode substituir completamente a análise humana especializada. A máquina, no entanto, é fundamental para análises em grande quantidade e em tempo real.

Valorizar bons consumidores

Um ponto muito importante abordado no MRC deste ano é a importância de todos os envolvidos em gestão de risco e prevenção e combate a fraudes valorizarem, cada vez mais, os bons consumidores.

Segundo nomes experientes deste mercado, a partir do momento em que se considera, por exemplo, a mudança de uso de listas negativadoras de dados para listas positivadoras, há um ganho de análise que não apenas controla as tentativas de fraude, mas também oferece uma experiência muito melhor ao bom consumidor, tornando-se, inclusive, um diferencial competitivo muito interessante.

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Escrito por

Jornalista responsável pela produção de conteúdo da ClearSale, é graduado pela Universidade São Judas Tadeu e pós-graduado em Comunicação Multimídia pela FAAP. Tem 10 anos de experiência em redação e edição de reportagens, tendo participado da cobertura dos principais acontecimentos do Brasil e do mundo. Renovado após seis meses de estudo e vivência no Canadá, aplica agora seus conhecimentos às necessidades do mundo corporativo na era do Big Data.

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