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Pix na prática: especialista mostra como novidade mudará o mercado
Desde o anúncio oficial do Pix pelo Banco Central, o mercado financeiro entrou em um grande alvoroço. A necessidade de adaptação rápida a um novo e revolucionário meio de pagamentos instantâneos, mais simples, rápido e barato, se tornou pauta prioritária de grande partes das instituições financeiras do país.
E não é para menos. Diante de previsões que vão desde o fim do dinheiro em espécie até a descontinuidade das já consolidadas maquininhas de cartão, além das inúmeras especulações sobre a real segurança da ferramenta, pouco se esclarece sobre o que realmente será afetado com a chegada do Pix, prevista para o dia 16 de novembro.
Pensando nisso, convidamos Marcelo Queiroz, Key Account Manager da ClearSale especializado no segmento Financial Services, para uma entrevista exclusiva sobre o que diferentes setores da economia podem esperar após a chegada do Pix, bem como o que fazer para garantir a segurança no uso deste novo arranjo de pagamentos instantâneos. Confira!
O Pix chega para ser realmente tão inovador quanto se espera?
Não há dúvidas que o Pix tem alta capacidade de disrupção no Brasil. Ele vai promover maior concorrência no mercado, redução de custo na operação das empresas em transações e vai ser um dos pilares de um grande objetivo do Branco Central, que é realizar uma transformação total na intermediação financeira futura do país, incluindo até mesmo maior educação financeira à população.
A sociedade está no turbilhão de uma revolução tecnológica em curso, e já que ela possibilita tantos novos modelos de negócio, é preciso utilizá-la para inovar também os meios de pagamentos instantâneos e para desburocratizar processos bancários tradicionais. No caso do Pix e toda a tecnologia envolvida, vejo grande potencial para ser realmente revolucionário em muitos setores do mercado.
Fala-se muito sobre o que muda com a chegada do Pix. Alguns falam sobre o fim das maquininhas de cartão e do dinheiro em espécie, por exemplo. Quanto há de verdade nesse tipo de ‘previsão’?
Neste primeiro momento, acredito que o Pix provavelmente substituirá muito do uso do boleto bancário e do cartão de débito. No entanto, até para o cartão de crédito existe potencial de migração, já que, para o lado do lojista/recebedor, existe uma série de vantagens desenhadas pelo Banco Central, como mudança da responsabilidade em casos de fraude, menor custo de operação e dinheiro recebido em poucos segundos, para que estes players funcionem como catalisadores e fomentadores da adesão do Pix no país.
Mas o Pix conseguiria substituir o cartão de crédito em compras parceladas, por exemplo?
O Banco Central tem em seu roadmap a previsão de trazer o Pix parcelado até o fim de 2021. Pode ser que seja um projeto adiantado para o primeiro semestre, mas o prazo inicial estabelecido é até o fim de 2021. Quando esta modalidade entrar em operação, acredito que o Pix pode, sim, ‘morder’ uma boa fatia do cartão de crédito, mas por enquanto ele ficará limitado aos pagamentos à vista.
Isso mostra que o Banco Central está pensando em deixar o Pix mais robusto em um futuro não tão distante?
Sim. O Banco Central tem muito forte a ideia de trazer mais competitividade ao mercado brasileiro, e o Pix, assim como o Open Banking, chega como parte inicial deste processo. Por isso, a ideia é realmente trazer muitas ações, ainda nos próximos anos, para fomentar e disseminar o uso do Pix por pessoas físicas e jurídicas no Brasil. Afinal de contas, para que ele cause a transformação esperada, precisa ter alto índice de adesão, e isso não acontece da noite para o dia.
É claro que é preciso esperar a entrada do Pix em operação para saber o que realmente vai acontecer, mas a verdade é que a ideia do Banco Central para os próximos anos, principalmente se houver bastante adesão por parte da população, é fazer do Pix o grande centro para praticamente todos os tipos de operações financeiras que conhecemos hoje.
Falando sobre adesão, muito se especula sobre a segurança do Pix contra fraudes, e, obviamente, quem está desconfiado terá maior resistência em aderir. Como garantir a segurança do Pix e mostrar que ele é confiável?
Assim como todo meio de pagamento que surge, há um interesse imediato das quadrilhas de fraudadores espalhadas por aí. Então é absolutamente natural que haja mesmo muitas tentativas de golpes relacionadas ao Pix.
Apesar disso, de forma alguma o Pix se torna pouco confiável contra fraudes. Muito dessa especulação se dá pelo fato do Banco Central não ter criado uma regulamentação de segurança a ser seguida, dizendo que as empresas poderiam adotar boas práticas de da mesma forma que já estão acostumadas.
Quem não conhece muito bem, tende a pensar que isso significa falta de controle, mas a questão é que ninguém quer sofrer com prejuízos vindos da fraude, então isso não quer dizer as empresas não estão trabalhando a pleno vapor pela segurança contra fraudes.
A própria parceria da ClearSale com a CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos) é um exemplo disso. Juntamos tecnologia e expertise para criar uma plataforma de segurança exclusiva para o Pix, na qual conseguimos garantir segurança desde o cadastro das chaves até o transacional, o que protege tanto as empresas quanto os consumidores.
Trata-se de uma plataforma robusta em infraestrutura, conexão, alta escalabilidade, tempo de resposta e padrões de segurança, que atende os processos de validação no cadastro das chaves de endereçamento na DICT (Diretório de Identificadores de Contas Transacionais do Pix), além da validação do transacional nas transferências e pagamentos utilizando Pix.
Com isso, todas as empresas participantes do Pix, como bancos, fintechs, intermediadores de pagamento, cooperativas e carteiras digitais, podem contratar uma solução que resolve o problema da fraude neste novo arranjo. Basta que alguma dessas empresas procure a CIP e conheça a plataforma em detalhes.
Conforme as empresas passem a utilizar o Pix e seus clientes percebam que somos capazes de garantir a segurança, começa a se construir uma relação forte de confiança, e isso fatalmente ajudará no engajamento da população e da consequente aderência ao Pix.
Mas já é possível garantir a segurança contra fraudes antes mesmo do Pix entrar em operação?
Sim, sem dúvidas. Quando se conhece e entende o contexto dinâmico da fraude, é possível equilibrar tecnologia e inteligência humana especializada para construir uma abordagem certeira na prevenção e no combate a fraudes. É possível detectar padrões de ataque rapidamente e entregar resultado rápido às instituições financeiras e, consequentemente, proteger seus clientes, que são consumidores como nós.
E isso não quer dizer que se pode baixar a guarda. Os fraudadores estão o tempo todo buscando novas maneiras de cometer seus crimes, estão sempre na busca por brechas em sistemas de segurança e coisas do tipo. Por isso, apesar de já ser possível garantir a segurança do Pix, é preciso ter consciência que este trabalho é contínuo, e depende, inclusive, da colaboração de todos os participantes deste novo arranjo de pagamentos.
Você falou em colaboração de todos os participantes. Estamos falando apenas de empresas do mercado financeiro ou outros setores também serão diretamente afetados?
Outros setores serão positivamente afetados, com toda a certeza, justamente pela ideia do Banco Central transformar empresas em difusoras do Pix.
No e-commerce, por exemplo, há uma mudança possível que é substancial. Atualmente, sempre que há um prejuízo por fraude no pagamento online, a responsabilidade é do estabelecimento que realizou a venda. No entanto, se o e-commerce passar a aceitar pagamentos via Pix, essa responsabilidade para a ser da instituição financeira que intermediar esta operação.
Além disso, apesar de haver custo para operação de pessoa jurídica no Pix (gratuito para pessoa física), ainda será um investimento consideravelmente menor do que o necessário para contar com intermediadores de pagamentos em ambientes digitais atualmente. Deve ser um custo menor até do que o de emitir um boleto, por exemplo. Isso tudo sem falar no recebimento instantâneo do dinheiro, bem diferente do que acontece atualmente.
Falando em e-commerce, a Black Friday deste ano deve ser a maior da história deste setor no Brasil, e o Pix já estará em operação. Podemos esperar grande influência do Pix na Black Friday 2020?
Sim, acredito que pelo menos os grandes e-commerces já tendem a subir a opção de pagamento via Pix para esta Black Friday, que será no dia 27/11, poucos dias depois do início das operações deste novo meio de pagamentos instantâneos. Penso, inclusive, que para esta sazonalidade, muitas redes pensam em descontos adicionais aos já oferecidos normalmente, uma vez que o Pix reduz os custos de transações e traz a disponibilidade imediata do dinheiro. Já escutei no mercado do potencial para algo em torno de 10% ou até 15% de desconto em alguns casos.
Está claro que o Pix traz às empresas novas possibilidades e novos desafios, principalmente no que diz respeito à segurança. Pensando nisso, como você citou, a ClearSale desenvolveu, em parceria com a CIP, uma plataforma antifraude exclusiva para o Pix. Como contratá-la?
Todos as empresas participantes do Pix podem procurar a CIP diretamente para contratar a plataforma. Nosso objetivo mais imediato é colaborar com o mercado, e entendemos que já são muitas as adaptações e preocupações que estas empresas devem ter agora, e por isso não queremos que elas precisem se preocupar com as fraudes.
Por isso, fizemos um acordo conjunto com a diretoria da CIP e, para contratos de um mínimo de 12 meses, não cobraremos um centavo sequer pelo uso da plataforma antifraude Pix até o fim de 2020. É um momento onde todos estão aprendendo muito e adaptando suas tecnologias, por isso temos clara a nossa responsabilidade de colaborar para evitar fraudes. Confiança é um valor muito importante para ClearSale, está na nossa essência, e a parceria com a CIP foi construída sobre este alicerce. Estamos prontos para ajudar todos os ‘atores’ do arranjo de pagamentos instantâneos. Vamos construir com todos um nível de confiança ao Pix que permita a ele ser um instrumento efetivo para revolucionar o mercado brasileiro.