A mudança drástica que a crise do novo coronavírus trouxe à rotina das pessoas fez com que os hábitos de consumo também mudassem. Novas formas de comprar e vender produtos e serviços vieram à tona, e, dentre elas, o WhatsApp Pay é uma das que mais se destacam.
Aliás, não é para menos: lançado oficialmente em 2009, o WhatsApp é atualmente o aplicativo de mensagens mais popular em todo o mundo, tendo ultrapassado os 2 bilhões de usuários ao redor do globo em 2020.
Somente no Brasil, estima-se que já sejam mais de 140 milhões de usuários ativos do WhatsApp, tendo sido este o aplicativo mais baixado no país em 2019, segundo o relatório Estado do Mundo Móvel 2020, da consultoria App Annie.
De acordo com uma pesquisa divulgada em outubro do ano passado pela Global Mobile Consumer Survey Brasil, 80% dos brasileiros utilizam o WhatsApp pelo menos uma vez a cada hora. Segundo a pesquisa Panorama Mobile Time, da Opinion Box, o aplicativo está presente em 99% dos smartphones dos brasileiros.
Tais dados mostram claramente que o aplicativo caiu no gosto da população brasileira, fazendo com que o WhatsApp Pay tenha enorme potencial para ser uma das ferramentas mais utilizadas para pagamentos.
O problema, no entanto, é que números tão expressivos também chamam a atenção de golpistas e fraudadores, que estão sempre atentos a novas oportunidades para encontrar brechas e cometer seus crimes.
Para não se tornar uma vítima de golpes no WhatsApp, no entanto, é preciso antes conhecer bem este novo recurso.
O WhatsApp Pay é uma ferramenta para transferência de valores desenvolvida pelo aplicativo e divulgada oficialmente em meados de junho deste ano. Com ela, usuários poderão, segundo a própria publicidade do WhatsApp, enviar e receber dinheiro com a mesma facilidade com a qual enviam e recebem mensagens.
Além das transferência bancárias para amigos e familiares, por exemplo, usuários poderão efetuar pagamentos de produtos e serviços de empresas que utilizam o WhatsApp Business.
Pelo menos neste primeiro momento, a ferramenta funcionará pelo Facebook Pay (o Facebook é dono do WhatsApp desde 2014), bastando ao usuário cadastrar um cartão de crédito ou débito na plataforma.
Quem já estiver cadastrado no Facebook Pay precisará somente abrir uma conversa e clicar no mesmo ícone usado para enviar contatos, arquivos, localização, etc. Neste mesmo lugar, estará disponível a aba ‘Pagamentos’, e então basta seguir o passo a passo, que é bem intuitivo de fácil entendimento. O valor transferido é creditado na conta bancária associada ao cartão cadastrado no Facebook Pay.
Para contas pessoais, há um limite de R$ 1 mil por transação, sendo permitidas até 20 transações por dia, com um limite total que não pode ultrapassar os R$ 5 mil.
As transferências entre contas pessoais deverão, obrigatoriamente, ser feitas por meio de cartões de débito, enquanto os pagamentos a empresas poderão ser feitos por cartões de crédito.
Segundo o WhatsApp, não estão previstas cobranças de taxas extras para usuários pelos serviços entre contas pessoais ou por pagamentos via WhatsApp Business. As empresas que contam com a ferramenta, no entanto, continuam tendo a taxa de processamento (3.99%) cobrada normalmente, mas seguem, também, sem limites para transações.
O crescimento de uso do WhatsApp para negócios, principalmente por meio dos links de pagamento durante a pandemia do novo coronavírus, fez com que houvesse, também, um aumento registrado de 45% nos casos de roubos de conta e golpes realizados pelo aplicativo.
Tal fato remete, quase que imediatamente, ao questionamento sobre a segurança do WhatsApp Pay. Para a utilização da ferramenta, obviamente existe a necessidade do envio de dados a bancos e a outras instituições financeiras, o que impossibilita, por exemplo, a criptografia total das mensagens, como faz normalmente o WhatsApp.
Apesar disso, o aplicativo garante que as informações processadas ficam armazenadas em redes extremamente seguras, com alta capacidade antifraude, mas o que não quer dizer que algumas medidas de segurança adicionais não sejam necessárias.
Como todas as novas tecnologias de pagamento que são desenvolvidas, o WhatsApp Pay também pode ter brechas de segurança ainda inexploradas por criminosos. O roubo da conta do WhatsApp, golpe mais conhecido do aplicativo, se torna ainda mais perigoso quando se usa este serviço para transações financeiras.
Claro que é mais uma facilidade e que, por ter riscos, não quer dizer que não seja segura ou que não deva ser utilizada. No entanto, alguns cuidados, mesmo os mais simples, podem ser bastante eficazes para garantir a segurança de uso desta nova ferramenta.
Assim como em todos os golpes na internet, o primeiro passo para evitar problemas no WhatsApp é adotar uma certa desconfiança e manter-se vigilante. Saber que este tipo de ataque pode acontecer é o jeito mais eficaz de garantir segurança.
Quanto menos divulgar informações, ainda que elas não pareçam tão confidenciais assim, melhor. Se não for possível verificar identidade do interlocutor e procedência das credenciais, todo cuidado ainda é pouco.
Certifique-se, também, de habilitar a confirmação em duas etapas, mecanismo criado pelo WhatsApp para a criação de uma senha (chamada de PIN) para ser usada após o usuário digitar o código de ativação recebido por SMS durante a instalação do aplicativo. Com esta senha, fica praticamente impossível que fraudadores consigam efetivar o roubo da conta, pode exemplo.
Como esta senha configurada precisa ser digitada regularmente (e não apenas ao ativar a conta), a chance do dono legitimo da conta se esquecer dela é pequena.
Feito isso, as três dicas abaixo ainda podem evitar eventuais brechas de segurança:
Desconfie de atualizações não divulgadas oficialmente pelo WhatsApp. Muitas quadrilhas de fraudadores desenvolvem aplicativos falsificados com o único objetivo de roubar dados, senhas ou até mesmo invadir contas. Com a falsa promessa de entregar funcionalidades mirabolantes, enganam usuários e cometem diversos crimes.
Lembre-se: baixe os seus aplicativos somente nas lojas oficiais e evite, a qualquer custo, fontes duvidosas para atualizá-los.
Assim como em qualquer acesso pessoal ou transação em meios digitais, o uso de senhas fortes é altamente recomendável. Quando se habilita a configuração em duas etapas do WhatsApp, o que acontece na prática nada mais é do que o cadastro de uma senha. Evite números óbvios como datas de nascimento, repetições e sequências lógicas. Procure incluir caracteres especiais e misture letras maiúsculas com minúsculas.
Lembre-se: jamais compartilhe esta senha com outras pessoas.
Toda vez que alguém entrar em contato dizendo que precisa de algum tipo de dado ou senha, não forneça. Se for uma ligação, por exemplo, desligue e procure meios oficiais para falar com o WhatsApp e perguntar se a empresa costuma entrar em contato com seus usuários por algum motivo, e se o meio escolhido para entrar em contato foi o mesmo de onde veio o seu.
Lembre-se: grandes empresas não costumam pedir informações sensíveis por mensagens ou por telefone, e os golpes no WhatsApp quase sempre passam por falsos contatos telefônicos.
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