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Trilha Bancos Digitais: inovação em crédito pode ser disrupção do mercado financeiro

Escrito por Felipe Tchilian | 19/05/2023 06:00:00

O último dia 18 de maio marcou a edição 2023 do Trilha Bancos Digitais, evento de destaque do mercado financeiro realizado pela Cantarino Brasileiro, em São Paulo. Com foco na inovação como estratégia de sobrevivência para as instituições financeiras, o evento trouxe tendências que devem se transformar em oportunidades para empresas do setor daqui por diante, com grande destaque para cibersegurança e crédito, que foi colocado com potencial para ser a grande disrupção para o mercado financeiro atual.

Entre todas as ricas trocas de experiências, networking e muito conteúdo, a ClearSale, além de patrocinadora, marcou presença no palco, por meio de Eduardo Mônaco, seu novo CEO, para discussões sobre inovação, disrupção, crédito inclusivo e combate a contas laranjas no contexto atual do mercado, que é de bastante risco, mas também de diversas oportunidades.

Além disso, Mônaco também falou sobre a história da ClearSale e como ela conseguiu consolidar uma cultura de inovação capaz de levar a companhia a expandir os negócios para outros mercados, dentro e fora do Brasil.

Confira agora os principais temas do Trilha Bancos Digitais 2023!

Impacto do cenário macroeconômico

Inicialmente, Gustavo Loyola, renomado consultor em Economia e Política, contextualizou o público sobre o cenário macroeconômico brasileiro atual, com foco na influência que ele exerce para o mercado financeiro e, especialmente, o crédito. Em um cenário complexo, no qual juros sobem, inflação global está em alta, bancos vão à falência e distorções entre ativos e passivos são cada vez maiores, o especialista mostrou onde estão os desafios e as oportunidades para instituições financeiras imersas neste contexto.

Para ele, todos os bancos – que já são, de alguma forma, digitais – estão imersos em um cenário de alta da inflação, o que traz um grande desafio para a economia global, principalmente em um movimento claro de muitos bancos centrais reagindo com restrições monetárias e elevação das taxas de juros. Tal cenário é ainda mais evidente em países desenvolvidos, que não estão acostumados com tamanha flutuação da inflação.

Neste contexto, índices de confiança caem drasticamente, o endividamento das famílias sobe, o risco de recessão econômica aumenta, a incerteza cresce e a economia desacelera. A consequência imediata para o mercado financeiro vem na gestão de riscos e na concessão de crédito, que é justamente onde mora uma grande alavanca de recuperação, crescimento e até mesmo educação de uma sociedade.

No entanto, Loyola acredita que, para os bancos digitais, as perspectivas continuam positivas, com oportunidades de crescimento em diversos segmentos, ainda mais notadamente no crédito. Porém, segundo ele, não se pode ignorar que a conjuntura traz riscos adicionais para os players do mercado financeiro, especialmente para as instituições que dependem do crescimento no curto prazo.

Crédito disruptivo

Grandes executivos de bancos e consultorias participaram de painéis sobre a importância de se pensar de maneira inovadora na concessão de crédito, principalmente em um momento no qual 70 milhões de pessoas estão negativadas de alguma forma, enquanto 84% da população se declara endividada, em um caminho que não tem sido muito diferente com as empresas, também cada vez mais endividadas, com aumento de 45% no número de falências.

Segundo os especialistas, o crédito é a porta de entrada de uma banco para um consumidor, representando, muitas vezes, o primeiro relacionamento de uma pessoa com uma instituição bancária. No entanto, apesar de muito investimento nessa área nos últimos anos, o mercado ainda carece de uma inovação que realmente faça alguma diferença no modelo tradicional.

Até pouco tempo atrás, as pessoas enxergavam o crédito como algo ruim, negativo, mas a verdade é que mercados mais maduros têm no crédito uma grande ferramenta econômica para um país. O que se vê no mercado é uma certeza que é preciso usar mais dados alternativos, mas muitos players mostram que ainda não sabem ao certo como fazer isso, e que a inteligência de dados e a expertise de alguns fornecedores podem fazer a diferença no caminho por um crédito mais democrático e inclusivo.

Um exemplo que causou bastante impacto é o do case apresentado por Mônaco no palco, mostrando que um grande banco brasileiro, ao contratar a solução de crédito da ClearSale, conseguiu rapidamente melhorar sua aprovação em 17%, com 10% de aumento na ativação de produtos e índice de inadimplência controlado abaixo dos 5%.

Descentralização das análises de crédito

Há, no mercado financeiro, uma evidente necessidade de descentralização das análises de crédito, que ainda são quase que exclusivamente baseadas nos birôs. É preciso que haja uma relação de complementaridade com dados alternativos e de diversas fontes, pois somente assim a concessão de crédito conseguirá chegar aos públicos que hoje representam a zona cinzenta – ou seja, aquelas pessoas que não são obviamente aprovadas ou reprovadas, e que, infelizmente, são invisíveis aos olhos do modelo tradicional.

Mas isso não quer dizer que os birôs desaparecerão, até porque eles também entendem a importância da inovação. E se mexem para isso. No entanto, ganho de eficiência e escala no crédito passará por análises mais abrangentes do que as vistas atualmente.  

Para alguns especialistas que se apresentaram, muitas fintechs entenderam isso rapidamente, e por isso ganharam bastante espaço nos últimos anos. Dados por si só não representam muita coisa. O que é necessário é uma grande capacidade de processar, compreender e tomar decisões baseadas neles, pois só assim a experiência do crédito pode ser mais transparente e com precificação mais justa dos riscos.

Inovar para ser disruptivo

Eduardo Mônaco, também subiu ao palco para um painel sobre a disrupção que move a estratégia de sobrevivência dos bancos, bem como os novos paradigmas que surgem disso todos os dias. Ao lado de grandes executivos do mercado financeiro, o novo CEO da ClearSale falou sobre como a empresa conseguiu desenvolver e consolidar a cultura de inovação dentro da empresa.

“A inovação tem que surgir a partir de um problema, de uma dor do mercado. Tem que ser uma inovação incremental, com processos claros e proativos de melhoria contínua. É preciso solidificar uma cultura de tolerância ao erro, com foco em buscar a pergunta certa, pois somente fazendo as perguntas certas que seremos sempre capazes de aplicar inteligência de dados para inovar”, garante Mônaco.

Como exemplo, ele citou o processo de internacionalização da empresa, que, após criar e consolidar um verdadeiro efeito de rede de proteção no mercado brasileiro, decidiu expandir a atuação para outros países, incialmente nos EUA. “Foi o mindset inovador que nos permitiu utilizar a expertise do mercado do Brasil para ter sucesso fora do país. Hoje, já temos atuação importante no México e em outros países na América Latina”, diz Mônaco.

Segurança e experiência do cliente

Outro tema abordado no evento com bastante recorrência foi a fraude, bem como a gravidade das consequências para as instituições que não conseguirem ter conformidade com regulamentações e protocolos de segurança, incluindo os danos de imagem quando se passa alguma insegurança para o mercado consumidor.

Basta pensar que se a segurança é importante, imagine, então, em um setor responsável pelas operações financeiras das pessoas. É preciso passar confiança, é preciso ser seguro na mesma medida em que parece seguro, em que passa a sensação de segurança.

O que se vê hoje é uma verdadeira batalha contra fraudadores, em um momento no qual a colaboração se torna ainda mais imprescindível. A segurança está diretamente ligada à experiência do cliente, e isso pode representar até mesmo um grande diferencial competitivo, ainda mais no cenário atual, de alta exposição de dados e falta de tempo para análises demoradas.

As fraudes são diversas, mas estabelecem alguns padrões de funcionamento das instituições, O mercado financeiro é inegavelmente resiliente, coisa rara até de se encontrar em outros setores, e sabe que assumir riscos, em alguns casos, pode significar grandes ganhos que os compensem.

Desafio das contas laranjas

Como não poderia deixar de ser, as fraudes de contas laranjas também entraram fortemente na pauta do evento. Tido como uma das grandes dores do mercado financeiro atual, o tema tem sido foco de diversos times dentro das instituições, que têm buscado maneiras efetivas de combater este tipo de golpe.

E a resposta passa pela utilização de uma matriz com diversas soluções tecnológicas, já que não existe uma única forma, uma bala de prata para acabar com este tipo de problema. Triangular diversos tipos de parâmetros, mapear comportamento, analisar todos os tipos de dados, aplicando inteligência sobre eles, mas sem jamais esquecer do simples, do básico – que ainda existe e elimina muitas fraudes logo de cara – parece ser a receita mais próxima do ideal no entendimento atual dos especialistas que estiveram no evento.

Além disso, colaboração é fundamental. Bancos ainda relutam em compartilhar informações sobre fraudes, mas isso passará a ser obrigatório e já deveria ser entendido como fundamental no combate aos golpes. Até era um movimento que já vinha ganhando força, mas é preciso ainda mais, é preciso compartilhar informações em todas as camadas de segurança, sempre.

O crime sempre colaborou entre si, as quadrilhas são muito organizadas, então as empresas precisam se organizar também. Tratar ataques apenas internamente não ajuda em nada na criação de um efeito de rede capaz de proteger todo o mercado.

Neste momento, Mônaco mostrou no palco como a ClearSale ajudou a RecargaPay a identificar cerca de 70% das contas laranjas que tinham cadastradas em sua plataforma.

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