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Fórum Moove On traz olhar humano e dados alternativos como protagonistas da revolução na concessão de crédito
O Centro de Convenções Rebouças recebeu uma das mais impactantes edições da história do Fórum Moove On, respeitado evento de crédito do Brasil. Com uma temática voltada ao papel humano e dos dados alternativos no futuro do mercado financeiro e da concessão de crédito, o evento reuniu grandes personalidades do setor para conteúdos reveladores e trocas de experiências importantes para os negócios a partir de agora.
Representada por Vander Nagata, head da BU de Application Fraud e Crédito, a ClearSale subiu ao palco para mostrar como a análise de crédito além da simples negativação e com dados alternativos pode trazer um olhar mais justo e humanizado para a concessão de crédito no país, além de mostrar como o olhar para o comportamento e a jornada de consumo garante mais aprovação e máximo controle dos índices de fraude e inadimplência, ainda tão temidos pelo setor, principalmente em tempos de alta no desemprego e no endividamento das famílias.
Vander começou mostrando a diferença entre dados tradicionais – como endereço, CEP, data de nascimento, etc. – e alternativos, como comportamento de compra no digital, jornada de consumo, meios de pagamento, relacionamento com outras instituições, dispositivos utilizados, etc. Após isso, o executivo trouxe ao palco o case de um grande banco digital brasileiro que, após contratar a solução de crédito da ClearSale, aumentou em 17% por cento sua taxa de aprovação, com 10% de aumento na ativação de produtos e diminuição de quase 5% na taxa de inadimplência.
Além disso, o executivo esteve em um bate-papo sobre o tema com Paula Godke, head de Riscos e Crédito do Banco Santander, e Breno Costa, diretor de Novos Negócios da Neurotech, no qual abordaram a importância de se adotar o uso de dados alternativos em complementaridade com os tradicionais, já que, por hora, usá-los como substitutos seria abrir mão de informações importantes para as análises.
Dados alternativos e tradicionais juntos
“A inclusão financeira promovida pela bancarização de milhões de brasileiros que precisavam de auxílio do governo durante a pandemia abriu uma espécie de massa cinzenta para o mercado financeiro, já que não havia qualquer informação de histórico bancário desta população. E como fazer para conhecê-los e decidir se são elegíveis a crédito, por exemplo? Por meio dos dados não tradicionais”, afirma Vander.
E não é, segundo ele, que dados restritivos deixem de ter importância para as instituições, mas deixam de ser únicos e decisivos. “Deve levar tempo para o mercado não precisar dos dados restritivos, se é que um dia isso vai acontecer totalmente, mas a relevância do contexto e dos dados positivadores já é nítida e primordial”, complementa Vander.
Bons pagadores e Open Banking
Ainda de acordo com os executivos, estudos recentes mostram que bons pagadores podem ter diversos restritivos, assim como o Open Banking ainda tem uma adesão mais baseada em pessoas que buscam crédito e não conseguem. Vander diz que “o brasileiro está um pouco mais educado financeiramente, mas ainda esbarra no ímpeto de consumo e numa confusão que não tem necessariamente a ver com falta de dinheiro. Em muitos casos, pode acontecer um simples esquecimento da data de vencimento de uma fatura, por exemplo, e isso já seria um problema para a concessão de crédito no modelo tradicional”.
Confira agora o que mais foi destaque no Fórum Moove On de Crédito!
Humanização do crédito
Logo na abertura do evento, as primeiras apresentações, ministradas pela renomada Monja Coen e pela filósofa Lucia Helena Galvão, trouxeram uma conexão importante entre pessoas e o crédito, onde ficou clara uma obviedade que parece esquecida pelo mercado tradicional: o fator humano.
Afinal de contas, o crédito, apesar de toda a tecnologia que se pode embarcar no processo, é uma decisão humana, de pessoas para pessoas, e a inteligência natural humana não pode ser deixada de lado, por mais que se aplique inteligência artificial nas análises. Em um momento em que o mundo nos leva a crer que a humanidade está perdida, é preciso que as pessoas valorizem mais a própria experiência e a capacidade de confiar e dar crédito à humanidade.
As decisões precisam ser baseadas também no fator humano, em critérios que envolvem a especificidade de situações humanas. A maioria é boa, e as decisões baseadas nisso não são necessariamente irracionais.
Fim do modelo tradicional de crédito
Ainda pela manhã, Victor Loyola, sócio diretor do Neon Pagamentos, e Henrique Casagrande, COO da Dock, se juntaram a Cibele Rodrigues, diretora de Soluções de Risco de Crédito da Transunion Brasil, e Bruno Jardim, CTO da Power of Data, para um painel sobre o futuro próximo do crédito, no qual ficou claro que o modelo tradicional ainda bastante presente no mercado já está em fase evidente de esgotamento.
Segundo eles, os dados alternativos são a saída para este momento de necessidade de evolução e de busca por respostas a novas perguntas. Há muita oferta e muita demanda para o crédito no Brasil, em um mercado que não consegue aproveitar todas as oportunidades justamente por não conhecer seus clientes a fundo. E como fazer isso? Com dados além dos tradicionais!
É preciso mergulhar nos dados de pessoas negativadas e largar a visão simplista do famoso ‘corte seco’ da negativação. Quem monta esta regra? Esta pessoa conhece a importância de questões de representatividade, por exemplo? Um estudo do Gartner mostra que 80% das empresas subutilizam os próprios dados. Ou seja, não há como pensar em inovação, gestão de carteira, etc.
É uma analogia interessante com o petróleo, que não é nada sem as refinarias. Os dados são uma grande riqueza, mas pouco significam se não tiverem o tratamento adequado.
Inclusão financeira
Personalizar o crédito, oferecer novos produtos e saber o timing correto de cada cliente é um grande desafio. No entanto, de acordo com grandes executivos do mercado financeiro que se apresentaram no Moove On, a educação financeira da população pode ajudar tanto quanto o uso de dados não tradicionais.
A inclusão social passa por acesso ao crédito, e a educação financeira é uma maneira de mitigar os riscos de inadimplência. Instituições precisam entender que é necessário mais do que aprovar, é preciso, também, ensinar a usar com responsabilidade, pois isso, aos poucos, fará com que públicos com menor histórico possam começar a construir suas relações com instituições financeiras.
Cenário econômico para o crédito
A economia brasileira foi tema da última palestra do Fórum Moove On 2023. Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, e Fabio Akira, economista brasileiro renomado, debateram a influência do cenário econômico para o nicho de concessão de crédito no Brasil, com destaque para o fato do pais, segundo ele, estar preparado para um período de crise que ainda deve perdurar por um período considerável de tempo.
A situação é desafiadora, tem riscos, mas não se pode achar que o Brasil não tem capacidade e resiliência para ser um país de destaque no cenário internacional, inclusive no que diz respeito à concessão de crédito, onde o contexto talvez nunca tenha sido tão desafiador, principalmente pela inadimplência crescente e pelas altas taxas de desemprego.
A economia global está mais sujeita a choques inflacionários, o que quer dizer maior dificuldade para controle da inflação e maior dificuldade para os bancos centrais em todo o mundo, e isso tem impacto relevante no ciclo de crédito global. Como o setor privado brasileiro se acostumou com este cenário historicamente, com bastante flutuação e volatilidade, tende a ter alguma ‘vantagem’ nesse sentido.
Países desenvolvidos estão menos acostumados, e, portanto, tendem a sentir mais dificuldades. Para os executivos, apesar de não ser algo que se pode chamar de bom cenário, há bastante oportunidade, ainda mais quando pensamos nessa experiência do setor bancário brasileiro, e a concessão de crédito vai ser crucial no processo de recuperação desta crise. Portanto, mãos à obra!
Mais sobre o Fórum Moove On
Moove On é um movimento, muito além do evento, iniciado em 2002, sempre com o propósito claro de promover um mundo “humano financeiro”, por um crédito justo, por inteligência artificial responsável, por organizações sustentáveis, por líderes e seres humanos criativos e conscientes, que tomam decisões com conhecimento e confiança, eliminando vieses invisíveis; unindo o melhor do humano e da tecnologia, tudo pensado de dentro para fora para todos.