Real Digital e a segurança nas transações financeiras: como vai acontecer?

De acordo com o Banco Central, as moedas digitais apresentam potencial de aprimorar a eficácia do mercado de transações comerciais em geral, ao mesmo tempo que fomentam a competição e proporcionam inclusão financeira para aqueles indivíduos que possuem limitado ou nenhum acesso aos serviços bancários convencionais.

A partir disso, a instituição criou um fórum para discussão da elaboração de uma moeda digital brasileira, publicando assim em 2021 as diretrizes do Real Digital, além de discussões sobre as suas principais aplicações. 

Pensando nisso, o texto abordará o que é o real digital, quais as suas vantagens e como ele pode proporcionar maior segurança nas transações financeiras.

Contextualizando: o que é o Real Digital?

O Real Digital é uma alternativa virtual da moeda brasileira, o real. Sua emissão será feita pelo Banco Central do Brasil, com previsão de lançamento no ano de 2024. No entanto, diversas ações têm sido tomadas desde de 2021, como um fórum regular para a discussão do tema, além da promoção de diversos webinars com o intuito de explorar as possíveis utilizações do Real Digital. 

Vale ressaltar que essas medidas e iniciativas vêm sendo tomadas pelo Banco Central com o objetivo de fazer com que o Real Digital não seja uma realidade tão distante, e possa ser implementado da melhor forma.

Através da moeda digital, qualquer indivíduo terá a capacidade de empregar fundos em suas transações financeiras, investimentos, entre outros. Desse modo, todas as operações podem ser conduzidas por meio desta, proporcionando assim a vantagem de sua vinculação ao real físico, ou seja, acompanhando a cotação da moeda brasileira e assegurando uma baixa volatilidade.

Em relação às criptomoedas, podemos dizer que não é o caso do real digital - este que poderá ser tokenizado pelas instituições financeiras aos brasileiros. O objetivo do Real Digital é ser uma alternativa que permitirá pagamentos instantâneos, reduzindo assim os custos das transações financeiras e aumentando a eficiência do sistema. 

Leia no Blog sobre como a ClearSale tem atuado na criação da moeda digital brasileira.

Como o Real Digital vai funcionar e qual seu objetivo?

O principal objetivo do Banco Central com a criação do real digital será fornecer maior eficiência e segurança nas transações financeiras, reduzindo custos e, desta forma, promover a inclusão de pessoas que não tem acesso aos serviços bancários tradicionais - neste caso, o Banco Central do Brasil espera um aumento na inclusão financeira, pois os brasileiros terão acesso a esses serviços de forma mais facilitada.

Mas existem alguns outros objetivos que a instituição financeira deseja alcançar com a criação da moeda:

Transações mais seguras

Optar por investir no Real Digital pode acarretar inúmeras vantagens, tanto para empresas como para consumidores. A existência de uma moeda digital possibilita transações mais rápidas e seguras, com a perspectiva de sua utilização global, eliminando a exigência de conversões para moedas locais. Essa conveniência proporciona fluidez nos negócios e operações financeiras em escala internacional.

Democratização dos serviços financeiros

No que tange ao cenário brasileiro, implementar o Real Digital pode trazer em maior evidência a promoção da democratização do setor financeiro, facilitando assim o acesso aos serviços bancários. O êxito do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos estabelecido também pelo Banco Central do Brasil, já evidenciou a disposição dos cidadãos brasileiros em adotar inovações financeiras. Com a adoção do Real Digital, é possível potencializar ainda mais a eficiência do mercado financeiro no país, mantendo total conformidade com as leis e regulamentos vigentes. A iniciativa visa impulsionar a inclusão financeira e tornar as transações mais convenientes para todos.

Governança eficiente nos sistemas de pagamentos

Além disso, a incorporação das CBDCs (Central Bank Digital Currencies) pode proporcionar uma governança mais eficiente nos sistemas de pagamento. A capacidade de rastrear com facilidade as transações auxilia no combate a atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo, ao mesmo tempo que assegura a conformidade com as leis locais, especialmente no que se refere à identificação do cliente e à privacidade financeira. A utilização de CBDCs oferece maior transparência e segurança nas operações financeiras, promovendo um ambiente mais seguro e confiável para a economia.

As vantagens do Real Digital

Como abordamos anteriormente, o Real Digital foi pensado em trazer vantagens para os brasileiros. Em seguida, falaremos sobre algumas delas:

Agilidade nas transações financeiras

Atualmente, as transações online já são consideradas práticas e rápidas, mas com a implementação do Real Digital, esse processo se tornará ainda mais simples e conveniente. A moeda existirá apenas no meio virtual, contribuindo para a evolução dos pagamentos digitais no Brasil.

Utilização em nível mundial

Para quem precisa viajar, não há preocupações com os limites de valores que podem ser levados em dinheiro físico, uma vez que os recursos podem ser centralizados na forma de moeda digital.

Além disso, isso também se estende às pessoas que vivem fora do Brasil e recebem pagamentos de clientes do país. Com o Real Digital, as transações se tornam mais simples e convenientes, facilitando o recebimento de valores e eliminando a necessidade de procedimentos complexos para converter moedas. Essa flexibilidade e facilidade de uso tornam o Real Digital uma opção valiosa para aqueles que lidam com transações internacionais.

Estímulo à inovação

Com a introdução do Real Digital, diversas empresas adotarão plataformas inovadoras para receber pagamentos, impulsionando o desenvolvimento tecnológico no Brasil. Esse cenário dará origem a novos modelos de negócios, o surgimento de novas empresas e a criação de soluções inovadoras, proporcionando diversos ganhos para a economia e a sociedade como um todo. A oportunidade de utilizar o Real Digital como meio de transação abrirá caminho para um ambiente mais dinâmico e criativo, fomentando a evolução contínua das atividades comerciais e financeiras no país.

Maior inibição da lavagem de dinheiro

Isso se dá porque, com a implementação da moeda digital, todas as transações serão rastreadas de forma mais fácil. Isso possibilitará a identificação mais eficiente de transações suspeitas relacionadas à lavagem de dinheiro, permitindo a punição dos criminosos responsáveis por essa prática ilícita.

Embora não seja responsável por erradicar completamente a lavagem de dinheiro, o Real Digital será um importante aliado no combate a essa e outras atividades criminosas que envolvam recursos financeiros. Além disso, o uso da moeda digital também pode contribuir para coibir golpes relacionados ao Pix, uma vez que o dinheiro poderá ser rastreado de forma mais eficiente quando permitido por lei, o que diminui esse tipo de fraude.

Redução da emissão do papel moeda

Embora o dinheiro físico ainda esteja presente nas carteiras das pessoas, nos bancos e nos caixas, é importante destacar que esse produto pode causar poluição ambiental em algum momento. Adicionalmente, a produção de cédulas e moedas é um processo custoso e com impactos ambientais negativos. 

Com a introdução do Real Digital, há a possibilidade de uma diminuição no uso das moedas físicas, o que poderia resultar em redução dos custos do Governo Federal associados à Casa da Moeda e trazer benefícios para a natureza. 

Entretanto, é relevante ressaltar que, até o momento, o Banco Central não prometeu oficialmente esse benefício. Ainda assim, o Real Digital tem o potencial de impulsionar uma transição gradual em direção a um sistema financeiro mais sustentável e alinhado com a proteção do meio ambiente.

Como garantir a segurança nas transações financeiras com o real digital?

Visando proteger os usuários e tornar o real digital seguro e viável, o Banco Central está adotando diversas medidas.

Durante os primeiros testes do real digital, a meta será reproduzir o mesmo nível de proteção exigido por lei para clientes bancários, garantindo que apenas as partes envolvidas consigam rastrear as transações.

Nessa etapa de testes, também serão analisadas as funcionalidades que permitirão aos cidadãos controlar e programar o uso de seu dinheiro eletrônico. O objetivo é tornar o uso do real digital tão fácil quanto realizar uma transação Pix, mas com vantagens adicionais em transações mais complexas, que atualmente são pouco acessíveis para a população brasileira.

Uma das principais aplicações futuras do real digital será a capacidade de realizar compras de bens, como veículos e imóveis, com contratos inteligentes. Esses contratos serão documentos digitais programados por tecnologia para serem executados automaticamente de acordo com as condições acordadas. Por exemplo, na compra de um carro, o registro do veículo será transferido automaticamente para o comprador assim que o pagamento for concluído. Esse tipo de negociação, conhecido como DvP (entrega versus pagamento), trará mais segurança para acordos comerciais entre pessoas desconhecidas e eliminará a necessidade de intermediários, tornando o processo mais eficiente e viável economicamente para transações de menor valor.

Além disso, o real digital utilizará a tecnologia de registro distribuído (DLT - Distributed Ledger Technology) e está alinhado com o avanço de novas tecnologias, como contratos inteligentes e dinheiro programável, associados à Internet das Coisas (IoT). 

Todas essas medidas visam garantir a agilidade, segurança e redução de custos nas transações financeiras, tornando o real digital uma inovação promissora no mercado financeiro brasileiro.