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Varejo online tem R$ 765 milhões em fraudes evitadas no 1º semestre
A chegada do novo coronavírus ao Brasil afetou o comportamento de consumo de toda a população neste primeiro semestre de 2020. Tal cenário refletiu em um aumento muito significativo das vendas via e-commerce, o que impacta diretamente os números da fraude no setor. Entre 01/01 e 30/06 deste ano, foram mais de R$ 765 milhões em fraudes evitadas.
O valor, apesar de ser 63,5% superior aos prejuízos evitados no e-commerce no mesmo período de 2019, é inferior ao aumento das vendas pelo canal no cenário de pandemia e restrição da circulação de pessoas nas ruas. Ou seja, as vendas boas crescem mais do que as tentativas de fraude.
“Mais vendas não significam necessariamente mais fraudes. Elas crescem em números absolutos, claro, mas não na mesma proporção que as boas transações. É algo parecido com o que se vê na Black Friday, quando os pedidos aumentam muito, mas a fraude tem um crescimento mais modesto”, diz Bernardo Lustosa, CEO da ClearSale.
Base estudada
Para o estudo, foram analisados mais de 53,4 milhões de pedidos do e-commerce, todos com pagamento via cartão de crédito, representando um valor total de aproximadamente R$ 24,2 bilhões. Desta base, 760.301 pedidos foram classificados como tentativas de fraude.
Ticket médio da fraude
O ticket médio dos pedidos classificados como tentativas de fraude ficou em R$ 1.007, valor consideravelmente maior do que o valor visto nos pedidos bons. Essa diferença, no entanto, não pode ser considerada surpreendente, já que fraudadores buscam produtos mais caros e com maior liquidez.
“O fraudador, obviamente, não tem intenção de pagar pelo produto, o que torna o valor da compra uma variável importante na hora de determinar o risco da transação. Critérios como liquidez e facilidade de revenda são muito mais importantes para o fraudador, e não promoções ou algo do tipo. Se ele não vai pagar, pouco importa para ele se o produto é caro ou barato”, explica Lustosa.
Segmentos
O segmento de celulares, acompanhando uma tendência vista há algum tempo no e-commerce, liderou o ranking de tentativas de fraudes em todos os seis primeiros meses do ano. Mais uma vez, a explicação está na liquidez e facilidade de revenda.
“É um produto que muitas vezes tem alto custo de aquisição e que muitas pessoas desejam ter. Com isso, o mercado paralelo para estes itens costuma estar sempre aquecido. Some isso à facilidade de transporte dos mesmos, e você tem produtos que podem ser considerados mais suscetíveis a fraudes”, diz Lustosa. “Na ClearSale, sempre brincamos que é mais fácil carregar um celular do que carregar uma geladeira”, completa.
Regiões
Na quebra por regiões, a Norte é a que teve maior índice de tentativas de fraude no período, com 3,44%. Em seguida, a região Nordeste aparece no ranking com 2,17%, praticamente empatada com a Centro-Oeste, que ficou com 2,13%. As regiões Sudeste, com 1,25%, e Sul, com 0,79%, foram as que apresentaram os menores índices de tentativas de fraude.
Mês a mês
Analisando mês a mês, fevereiro foi o que registrou maior índice de tentativas de fraude: 1,89%. Em segundo lugar, janeiro aparece com 1,70%, enquanto março teve 1,61%, abril ficou com 1,39%, e junho, com 1,24%. Maio foi o mês com menor índice: 1,17%.
Uma hipótese que explica fevereiro com o maior índice de tentativas de fraude no semestre é o Carnaval, que ocorreu antes da crise do coronavírus, e, como nos outros anos, reduziu o volume de pedidos do e-commerce naquela semana, mas sem uma queda nas tentativas de fraude, resultando em um leve aumento percentual de tentativas de fraude
Perfil
De acordo com o levantamento, homens até 25 anos são os que mais sofrem tentativas de fraude em suas compras: 3,48%. Na comparação com as mulheres, os homens sofrem mais tentativas em todas as faixas etárias.
“Não é possível afirmar com exatidão os motivos por essa discrepância, pois a fraude, além de dinâmica e sofisticada, também é generalizada, não escolhe gênero, faixa etária e nem algo relacionado. Todos devem fazer compras sabendo que isso é seguro, mas que alguns cuidados são necessários e não demandam muito esforço”, finaliza Lustosa.
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