Para quem procura ofertar soluções financeiras, vem se desenvolvendo um cenário cada vez mais promissor. A facilidade de acesso à tecnologia no mercado financeiro é o principal fator responsável por essa mudança.
Por meio de interfaces de programação de aplicação (APIs), alguns provedores permitem que diferentes players penetrem no mercado e participem do Embedded Finance. Saiba mais sobre esse conceito lendo o nosso post!
Embedded Finance significa “finanças integradas” ou “finanças embarcadas”. Trata-se de um fenômeno que reúne opções ligadas ao dinheiro com experiências que, até o momento, não tinham relações diretas com o mundo das finanças.
O conceito se refere à disponibilidade de serviços ou de ferramentas financeiras de maneira nativa por um player que não atua no mercado financeiro.
Um exemplo são lojas de e-commerce que, além da venda de um produto, ofertam seguros, possibilidades de financiamento, de reparcelamento de dívidas existentes na empresa em questão etc.
Conforme uma pesquisa feita pela Juniper Research, há uma expectativa de que esse mercado alcance US$ 138 bilhões em 2026. Essa estimativa de crescimento se deve especialmente à disponibilidade de APIs ofertadas por instituições prestadoras de serviços financeiros.
Já a Bain Capital Venture estima que, apenas nos Estados Unidos, o Embedded Finance pode atingir US$ 3,6 trilhões até 2030 (envolvendo fintechs, investidores, empreendedores e titulares).
A partir do Embedded Finance, qualquer empresa (inclusive do varejo) pode disponibilizar produtos, como:
A finalidade principal é tornar os processos financeiros mais rápidos para os consumidores, que poderão recorrer a determinados serviços sem a necessidade de procurar um banco digital ou um banco físico.
Conheça as características principais do Embedded Finance a seguir.
As finanças embarcadas envolvem a entrega de serviços e produtos financeiros por empresas que não trabalham nesse setor.
Assim, organizações do varejo, telefonia e tecnologia se colocam além de seu modelo de atuação convencional, integrando-se diretamente à vida financeira dos clientes.
O estudo de dados é importante para todas as empresas que visam atingir a satisfação do cliente como principal objetivo.
Quando as finanças embarcadas são acrescentadas ao planejamento empresarial, torna-se fundamental a cultura baseada em dados, que vai garantir que serviços e soluções valiosas serão adicionadas ao portfólio da empresa.
As empresas podem ofertar, com as finanças integradas, serviços financeiros em plataformas digitais aos seus clientes.
Isso significa que podem ofertar ativos do mundo financeiro em sites ou em apps, aumentando o potencial competitivo e entregando mais aos clientes.
Com essa estratégia, os serviços das empresas podem ser mais personalizados, conforme as demandas dos consumidores.
As soluções personalizadas contribuem com a participação do público desbancarizado, já que não são oferecidas pelos grandes bancos.
Com a implementação do Embedded Finance, alguns bancos perderão uma parcela de clientes considerados “não estratégicos”. São aqueles classificados como inadequados para fazer parte de seus portfólios.
Os próximos concorrentes de grandes bancos serão, provavelmente, empresas varejistas ou bigtechs (grandes empresas de tecnologia) que disponibilizam soluções embarcadas ao seu público.
Por outro lado, os serviços bancários integrados permitem que os grandes bancos ofereçam produtos e ativos em uma relação B2B2C, ou seja, de empresa para empresa, mas com a finalidade de alcançar o consumidor final.
Assim, uma loja do varejo pode oferecer, diretamente para seus clientes, um serviço específico de uma grande instituição financeira. Mas o suporte do serviço será realizado por essa instituição.
Desse modo, será possível desenvolver projetos com o intuito de aumentar as fusões entre as empresas. Será criado um ambiente competitivo e plural para o setor financeiro e as empresas em geral.
A implementação do Embedded Finance depende da utilização de APIs, uma tecnologia de comunicação entre sistemas que facilita a integração entre as partes.
A propagação de APIs permitiu a oferta dos produtos bancários como serviço (Banking as a Service), o que melhora a experiência do usuário (UX).
Mediante as finanças integradas, as empresas conseguem se conectar a tecnologias bancárias e serviços financeiros de terceiros sem ter que sustentar as ferramentas por conta própria nem precisar da intermediação de uma instituição financeira. Confira agora alguns serviços financeiros disponíveis.
Um exemplo de Embedded Finance é o pagamento de uma corrida de Uber usando cartão de crédito.
A plataforma permite a cobrança diretamente do cartão de crédito ou do dinheiro colocado pelo cliente no Uber Cash.
Mas não é apenas o Uber que faz uso dessa estratégia. Outras empresas e aplicativos também estão aproveitando a tecnologia para otimizar a UX, aumentando as possibilidades de fidelização.
Outra opção é o empréstimo. Caso sua empresa perceba que os clientes sentem dificuldades para manter os pagamentos em dia, ela poderá oferecer empréstimos para que eles saldem suas dívidas.
Essa é uma forma de otimizar as condições de pagamento. Os empréstimos são soluções aplicáveis em empresas varejistas, instituições de ensino e outros setores da sociedade.
Com investimentos integrados, fica mais simples para o cliente aplicar dinheiro onde considerar melhor, já que tudo pode ser feito por meio de uma única plataforma.
Os consumidores, ao comprar uma moto, carro, caminhão ou outro veículo em uma loja ou concessionária, poderão contratar um seguro simultaneamente.
Também terão acesso a outros tipos de seguros em lojas de segmentos diversos. Entre esses seguros, podemos citar os de cartão, de vida, de saúde e assim por diante.
O cashback também é uma solução que pode ser oferecida aos clientes via Embedded Finance. Trata-se de um extra para cativar as pessoas que fazem compras em sua loja.
O retorno do valor pode ser oferecido como dinheiro na conta ou na forma de crédito na empresa. O cashback está se tornando cada vez mais popular, sendo um atrativo para os consumidores.
A empresa pode também oferecer uma conta digital completa ao cliente, com opções de diferentes movimentações financeiras e empréstimos com agilidade e segurança.
Usando APIs, tal como o open banking faz, sua empresa pode montar seu próprio banco digital para atrair e fidelizar mais pessoas. Entre os serviços, podemos citar:
É uma possibilidade de ofertar cartões com a marca da empresa aos clientes, usando as bandeiras mais importantes do mercado. Assim, a emissão e o processamento dos cartões ocorre em somente um lugar.
Garante segurança em toda jornada da empresa e dos clientes. E ainda ajuda na análise de risco financeiro durante todas as etapas de uma operação.
Assim, é possível obter tranquilidade desde o processamento dos cartões e adquirência até o onboarding dos clientes finais.
O Embedded Finance permite que as empresas tenham acesso a ativos financeiros sem que seja preciso uma licença bancária completa. De qualquer maneira, é importante ter algum conhecimento para implementar seu próprio sistema financeiro.
Portanto, convém investir em boas parcerias e mesmo buscar construir um ecossistema com empresas que oferecem soluções com essa finalidade. Para realizar isso com mais segurança, é aconselhável fazer uma due diligence, que é uma auditoria cuidadosa para avaliar a outra empresa.
Considerando que as soluções financeiras não integram o core business de seu negócio, é importante contar com o suporte de alguém que tem know-how na área — isso ajudará você a adotar a estratégia com mais segurança, mais rapidez e a menores custos.
Veja as principais necessidades das empresas e das instituições financeiras que favoreceram o surgimento do Embedded Finance.
A importância do Embedded Finance decorre da necessidade de toda empresa se tornar mais competitiva em um cenário concorrido. Uma das formas de aumentar o potencial competitivo é se tornando multifuncional e inovadora por meio das novas tecnologias.
O consumidor moderno busca mais agilidade e mais eficiência em suas transações. A empresa que consegue suprir o máximo de necessidades dele ganha pontos.
Caso você perceba constantes atrasos no pagamento das contas dos clientes, uma solução é desenvolver uma forma de se aproximar mais de seu público com serviços que possam resolver o problema — como um empréstimo bancário.
Dessa forma, o varejo facilita as coisas para o cliente, estimulando-o a pagar suas contas sem exercer uma pressão explícita, que geralmente causa conflitos, prejudicando o relacionamento entre marca e consumidor.
Quando a empresa dispõe das informações necessárias sobre o cliente, compreendendo seu padrão de comportamento, poderá ofertar uma solução diferenciada, mais personalizada.
Por exemplo: vamos supor que todos os meses um cliente tenha o hábito de gastar R$ 200 em produtos em um e-commerce. Com o Embedded Finance a empresa pode propor uma espécie de cartão fidelidade, com descontos e facilidades desde que ele mantenha ou aumente esse valor mensal.
Essa estratégia serve para otimizar o relacionamento com o consumidor, que confiará ainda mais na marca.
Mas é preciso levar em conta que o uso dos dados dos clientes requer cuidados no tratamento, reduzindo assim os riscos de vazamentos e cumprindo as determinações da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
As instituições financeiras também conseguem, por meio do Embedded Finance, atingir um público mais amplo. Elas otimizam sua competitividade em um mercado fundamental para a sociedade e que está cada vez mais democrático.
Isso quer dizer que o cliente aumenta sua autonomia de escolha — bancos, fintechs e outras instituições do ramo precisam, portanto, ampliar seu campo de ação, chegando à população por diferentes caminhos e no momento em que as pessoas estão realmente necessitando.
Não se trata mais de esperar que os consumidores procurem os serviços, mas de se antecipar, indo até o potencial cliente para ofertar os produtos e os serviços que ele deseja ou precisa nos momentos mais estratégicos.
Além das necessidades urgentes que afetam tanto o mercado financeiro quanto o comércio, é preciso considerar outros aspectos e tendências que influíram no aparecimento do Embedded Finance.
A descentralização dos serviços financeiros é uma tendência que as empresas do ramo precisam acompanhar sob o risco de ficarem para trás se não o fizerem. Se não participarem desse processo, os bancos acabarão perdendo um espaço ainda maior para as fintechs e outros modalidades de bancos digitais.
Assim, com a nova tecnologia, ganha o varejo, ganha a instituição financeira e ganha o cliente.
Confira algumas informações sobre as finanças integradas que o presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), Rafael Pereira, elencou:
Confira, em mais detalhes, os principais fatores que estimularam e fizeram com que o Embedded Finance se tornasse uma necessidade.
O Open Banking e outras tendências regulatórias estão incentivando o desenvolvimento das interfaces de programação de aplicação bancárias e a acessibilidade universal.
Por meio das plataformas de Open Banking, as instituições financeiras têm acesso aos dados de clientes, desde que eles deem sua autorização.
Diante da necessidade de dar cumprimento a esses requisitos, os bancos passaram a considerar os novos modelos de Banking as a Service.
As finanças integradas oferecem ótimas oportunidades de parceiras entre as instituições financeiras (inclusive as fintechs, que expandem a distribuição e ofertam serviços e produtos inovadores), o varejo e as empresas que dispõem de um base de dados ampla.
Convém também falar dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), que também fazem parte das estruturas e tendências regulatórias do novo mercado financeiro.
Nos primeiros seis meses de 2021, a indústria de FIDCs revelou um crescimento aproximado de 27%. Em janeiro, a carteira alcançou o total de R$ 202,2 bilhões; em junho, o valor chegou a 255,4 bilhões. No total, o crescimento foi de 188%.
São números significativos quando comparados ao mesmo período de 2020, quando a quantidade de negócios nesse setor teve uma considerável queda. Esse percentual em 2021 indica uma retomada mais rápida durante o pós-pandemia.
Depois da indústria, foram os setores financeiros e de factoring que mais se desenvolveram no primeiro semestre de 2021.
Conforme o Banco Central, é possível perceber um crescimento no percentual das Sociedades de Crédito Direto (SCDs). Elas também integram o Embedded Finance.
São instituições financeiras que efetuam operações de financiamento, empréstimo e aquisição de direitos creditórios através de plataforma eletrônica, com uso de recursos financeiros que têm no capital próprio sua única fonte.
De acordo com os dados do Banco Central, o crescimento foi de:
Conforme a empresa de consultoria Mackinsey & Company, organizações de diferentes ramos e níveis de maturidade estão se preparando para lançar serviços de finanças integrados: empresas de varejo, tecnologia e software, telecomunicações, logística, montadoras de carros e seguros.
Já falamos da Uber como uma das empresas que se integram a instituições financeiras para oferecer serviços que não fazem parte de sua alçada.
A C&A também faz uso eficiente das finanças integradas: ela disponibiliza cartões de crédito, seguros e outras opções aos consumidores que compram em suas lojas.
A oferta de soluções financeiras juntamente aos serviços básicos de cada empresa é ainda uma forma de os negócios irem além das soluções financeiras convencionais. Isso porque permite a democratização de acesso e a inclusão financeira da população de baixa renda, muitas dessas pessoas, inclusive, pertencentes ao grupo dos desbancarizados.
Amazon e Google também são exemplos de empresas que já adotaram a nova tecnologia. Elas já lançaram serviços financeiros como empréstimos e conta corrente integrada (Amazon Lending) e pagamentos digitais (Google Play). Para isso, elas se tornaram parceiras de fintechs, bancos e outras instituições financeiras.
Já explicamos que, por meio das finanças integradas, o mercado financeiro consegue se tornar ainda mais competitivo. Mas tudo tem dois lados: positivo e negativo.
Além de favorecer os processos de captação e fidelização de clientes, o Embedded Finance:
Essa tecnologia está ajudando a diminuir gradualmente os gastos com recebimentos. Aumentando o controle sobre inadimplentes e a autonomia em tomadas de decisão.
Especificamente em relação às fintechs e aos bancos, alguns impactos devem ser ressalvados:
Os bancos precisam identificar todas as oportunidades para que fiquem mais interessantes ao público. A personalização de suas ofertas é possível a partir de uma boa segmentação. E a segmentação é conquistada principalmente por meio:
Oferecer produtos como empréstimos e até hipotecas é uma possibilidade viável por causa da avaliação de risco. Já vimos que todos podem analisar riscos financeiros — tanto a empresa quanto a instituição financeira e o cliente.
Os bancos podem contatar com tipos de usuários que ainda não integravam sua base de clientes, principalmente os chamados “desbancarizados”.
Estratégias financeiras integradas (ou embutidas) têm potencial para lidar com milhões de clientes com os quais os bancos não tinham um relacionamento de confiança. Isso se torna possível a partir de um relacionamento preexistente com uma marca que já é da confiança do cliente.
Toda transformação requer disciplina e implica novos desafios. As instituições financeiras precisarão adotar novas práticas organizacionais para se ajustar às mudanças.
Trata-se de um processo de descentralização, uma tendência que retira os bancos tradicionais de sua zona de conforto. Eles também precisam inovar para manter sua competitividade. De qualquer modo, deverão saber compartilhar mais para garantir seus ganhos — e terão que trabalhar mais também, no que se refere ao planejamento estratégico.
É preciso adotar uma reforma de pensamento para se adaptar à reforma que já está acontecendo no mercado financeiro. Apareceram novos rivais e novos parceiros para as instituições tradicionais — e elas podem lucrar com isso.
Enfim, existem cuidados que devem ser tomados com a nova tecnologia. Entre os aspectos mais relevantes, voltamos a citar a segurança — é uma questão prioritária para a manutenção de um relacionamento duradouro com os clientes e para o compliance das organizações, que devem cumprir a LGPD e outras regulamentações.
Além disso, a segurança evita os ataques cibernéticos e outros sinistros que ameaçam a privacidade de dados pessoais das próprias empresas.
Os cibercriminosos desenvolvem novas formas de invadir sistemas e de praticar crimes na mesma medida em que a tecnologia evolui. Essa é uma preocupação que também tende a aumentar.
Embedded Finance é mais um fenômeno transformador dentro do mercado financeiro, como o Open Banking, o Open Finance, o Open Insurance e outros. Há vantagens para todas as partes envolvidas, mas é preciso que elas se adaptem às mudanças, aceitem o novo cenário e contribuam com o seu desenvolvimento.
O que você pensa sobre as finanças embarcadas? Já está se adaptando e se preparando para elas? Aproveite e confira também as tendências e os desafios da segurança no mercado financeiro!